Imagens do circuito interno de uma agência bancária na Assembleia Legislativa do Rio de Janeiro (Alerj) mostram Fabrício Queiroz pagando boletos de Flávio Bolsonaro. Os registros constam no documento do Ministério Público do Rio de Janeiro (MP-RJ) que solicitou à Justiça o pedido de prisão preventiva do ex-assessor, e foram obtidas pelo UOL.
De acordo com a publicação, Queiroz pagava dois boletos da escola das filhas do então deputado estadual, hoje senador pelo Republicanos. O pagamento foi feito em espécie, na manhã de 1º de outubro de 2018. Em seguida, Queiroz efetuou um saque de R$ 5 mil.
A investigação apura esquema de “rachadinha” no gabinete de Flávio Bolsonaro, do qual Queiroz seria operador financeiro. No esquema, os servidores do gabinete devolvem parte de seus salários. Flávio nega as acusações.
Conforme indicam as imagens, Queiroz levou 7 minutos para fazer as transações. Ele entrou na agência bancária às 10h21, com um maço de dinheiro e dois boletos nas mãos. A investigação aponta que se tratavam das mensalidades escolares, nos valores de R$ 3.382,27 e R$ 3.560,28 ? quase R$ 7 mil, no total.
Queiroz entregou o dinheiro e os boletos ao caixa. O gerente foi chamado para autorizar os pagamentos. O caixa, então, entregou o troco e os comprovantes a Queiroz às 10h26, conforme relatório do MP. Depois, Queiroz fez um saque de R$ 5 mil e deixou a agência às 10h28.
Os investigadores fizeram levantamento nos extratos bancários de Flávio e da esposa, Fernanda Bolsonaro, e relataram não terem identificado saques compatíveis com os valores nos 15 meses anteriores ao referido pagamento. A conclusão do Ministério Público é que não haveria lastro lícito de dinheiro em espécie para aquela operação bancária.
?Portanto, conclui-se que o dinheiro utilizado pelo operador financeiro [Queiroz] para pagar as mensalidades da escola das filhas do líder da organização criminosa [Flávio] não proveio das fontes lícitas de renda do casal, mas sim dos recursos em espécie desviados da Alerj e entregues pelos ?assessores fantasmas? a Fabrício José Carlos de Queiroz?, disse o MP no pedido, de acordo com o UOL.
Os procuradores cruzaram o pagamento das mensalidades pagas entre dezembro de 2014 e dezembro de 2018, e os extratos bancários de Flávio e Fernanda. Foram identificados 53 boletos, equivalentes a R$ 153 mil, pagos com dinheiro vivo que não saíram dos rendimentos lícitos do casal.
A investigação notou a mesma dinâmica no pagamento do plano de saúde da família de Flávio Bolsonaro. Mais de 100 boletos, que correspondem a R$ 260 mil, que não correspondem à movimentação bancária do filho de Jair Bolsonaro e de sua esposa.
Por meio de sua assessoria, Flávio disse ser vítima de campanha de difamação orquestrada por um grupo político. No último sábado (20), ele disse ser inocente e que seu patrimônio é compatível com seus rendimentos. (bahia.ba).
Foto: Reprodução/MP-RJ/UOL