Falecimento de Délio Pinheiro consterna Assembleia Legislativa

O generoso e emotivo coração do professor Délio José Ferraz
Pinheiro parou na madrugada de domingo, consternando a todos que tiveram o
privilégio de conviver com esse intelectual impetuoso, insubmisso, alegre,
despojado e curioso. A morte do professor do Instituto de Geociências da Ufba,
que, aposentado, elaborou e implementou um programa cultural que publicou mais
de 300 livros em seus 14 anos de colaboração como assessor para Assuntos
Culturais da Assembleia Legislativa ? surpreendeu, chocou e abriu uma lacuna de
difícil preenchimento.

Aos 75 anos, ele continuava em plena atividade, concluindo
um livro de contos, organizando outra obra apenas com prefácios ?
contextualizados ? que escreveu e sugerindo todo o tipo de ação aos amigos que
cultivou por onde andou. Além de ler, muito, e da eterna luta para arrumar a
biblioteca, tarefa que, como Sísifo, nunca concluiu. Parlamentares registraram
o falecimento através de moções de pesar, o presidente Nelson Leal, enlutado,
escreveu uma nota pessoal, e entidades da área cultural também lastimaram essa
perda.

Délio Pinheiro começou a trabalhar na ALBA na gestão do
presidente Clóvis Ferraz, em 2005, elevando a esporádica edição de obras raras
de uma mera ferramenta de marketing cultural ao patamar de instrumento de
política cultural. Foi mentor de um sem número de convênios e parcerias do
Parlamento com entidades como Instituto Geográfico e Histórico, universidades
Federal da Bahia e Estadual do Sudoeste, Associação Comercial da Bahia,
Fundação Casa de Jorge Amado, Instituto Hansen Bahia, Museu Eugênio Teixeira
Leal, entre outras.

Com a Academia de Letras da Bahia criou a coleção Mestres da
Literatura da Bahia, já em seu 14º volume e selos para o programa ALBA Cultural
para publicação de inéditos, para obras resgatadas do esquecimento e para
trabalhos acadêmicos. E ampliou para além dos cinco volumes planejados (já
foram publicados 46), a coleção Gente da Bahia, que contém perfis biográficos
de baianos notáveis.

Em meros 14 anos, Délio José Ferraz Pinheiro, inicialmente
tratado pelo funcionalismo do Legislativo como “doutor Délio”, fez-se querido,
amado. Deixou saudades e amigos ao sair dois anos atrás. Mas o legado
permaneceu, como permanecerá, vivo. O programa ALBA Cultural perdurará. Afinal,
como gostava de repetir, parafraseando Monteiro Lobato, “uma nação se faz com
homens e livros”. (Texto e foto Agencia Alba).