Algumas das mais prestigiosas instituições baianas
comunicaram a Assembleia Legislativa o luto e o pesar trazido pelo súbito
falecimento do professor Délio Pinheiro, assessor para Assuntos de Cultura do
Legislativo por 15 anos. Todas foram parceiras de projetos editoriais
coordenados por ele, responsável pela
publicação de mais de 300 obras ao longo de sua profícua colaboração com o
Parlamento, elevando a edição de livros de uma mera ferramenta de marketing
cultural ao patamar de instrumento de cultura.
As moções de pesar que chegaram à ALBA foram aprovadas pelo
Tribunal de Justiça do Estado, Academia de Letras da Bahia, Instituto de
Geociências da Universidade Federal da Bahia e Núcleo Bahia-Sergipe da
Sociedade Brasileira de Geologia, Associação dos Professores Universitários da
Bahia (Apub) e Fundação Econômico Miguel Calmon e Museu Eugênio Teixeira Leal.
O presidente Nelson Leal agradeceu a essas manifestações, assegurando que a
maior homenagem que o Parlamento poderá fazer ao professor Délio Pinheiro é dar
continuidade ao programa ALBA Cultural tão logo a pandemia esteja sob controle,
pois ? igual a Délio, acredita que “um país se faz com homens e livros”.
TRIBUNAL DE JUSTIÇA
A moção de pesar e solidariedade aprovada por unanimidade
pela Quinta Câmara Cível do TJ, apresentada pela desembargadora Ilona Márcia
Reis, traçou um breve perfil biográfico do intelectual Délio Pinheiro. Lembrou
que ele era filho do ex-deputado Adelmário Pinheiro, ex-presidente do
Legislativo há muito falecido. Detalhou ainda a “brilhante carreira acadêmica” e profissional do professor: “Ele escutava as pessoas com verdadeira atenção,
fazendo-as se sentirem valorizadas. Possuía senso de humor fino, elegante e
apurado. Como natural decorrência do seu extenso currículo intelectual era
constantemente procurado para indicação de livros, havendo generosamente
instruído e direcionado intelectualmente amigos, parentes e familiares. Toda a
sua vida foi dedicada à cultura. Colecionava artes e buscava sempre investigar
as manifestações culturais do povo nos seus passeios do dia a dia pela nossa
cidade multicolorida e plena de cultura.
A desembargadora Ilona Márcia Reis revelou que teve “o
privilégio de conhecê-lo desde a infância. Sabia cultivar os amigos e os
valorizava, herança advinda do seu pai, que, como ele, durante toda a vida
preocupou-se, cuidou e dedicou-se aos amigos. Possuía amigos em todos os
segmentos da sociedade, não fazendo acepção por preferência política, cor,
credo ou religião. Um homem verdadeiramente ecumênico e eclético”. Ela destacou
o papel de duas das irmãs do professor Délio Pinheiro: “Embora sua família seja
toda de intelectuais, ele foi o mais destacado. Sua irmã, Maria do Carmo Pinheiro
Baltazar da Silveira (Mariô Pinheiro) foi uma das mais proeminentes e
conceituadas professoras de português da capital. Ele é irmão também da senhora
Maria das Graças Ferraz Pinheiro (Gau Pinheiro), pessoa igualmente destacada no
mundo cultural soteropolitano”, completou.
ACADEMIA DE LETRAS
A Academia de Letras da Bahia expressou o seu mais profundo
pesar pelo passamento de Délio Pinheiro. Louvou o trabalho cultural que
realizou e o súbito falecimento “quando ainda se encontrava no domínio de suas
maiores possibilidades!”. Como gestor do departamento editorial da Assembleia
Legislativa, registrou o presidente da instituição, Joaci Góes, “Délio Pinheiro
deu inequívoco apoio a publicações que tanto contribuíram para difundir o que
na Bahia contemporânea se produziu no campo da literatura, das artes, em geral,
e das Ciências Sociais!”, finalizando com um preito de solidariedade do “Mundo
Acadêmico Baiano com a família de Délio Pinheiro neste momento de dor!”.
Por seu turno, o Instituto de Geociências da Universidade
Federal da Bahia e Núcleo Bahia-Sergipe da Sociedade Brasileira de Geologia
emitiu uma nota de pesar em que está resumida a carreira profissional de Délio
Pinheiro, geólogo por formação. Ele graduou-se em 1972 e do ano seguinte até
1986 trabalhou na Secretaria de Minas e Energia, chegando coordenador de
Produção Mineral. Iniciou a carreira docente ainda em 1976 junto ao
departamento de Geoquímica da Ufba ensinando Geologia Geral. Chefiou o
departamento de Geoquímica ainda nos anos 90 do século passado e também foi
diretor do Instituto de Geociências.
A nota da Universidade registra a “visão poética” que tinha
o professor Délio Pinheiro da Geologia, bem como a sua aproximação da Geografia
e da questão urbana após o seu mestrado, que o levou a escrever o livro: Visões
Imagináveis da Cidade da Bahia ? um Diálogo entre a Geografia e a Arte.
Por seu turno, a Apub expressou solidariedade e condolências
aos familiares e amigos, traçando também breve perfil do intelectual
recém-falecido que “era filiado a este sindicato desde 1979”. A entidade
lembrou a produção científica e literária do professor Délio Pinheiro,
inclusive citando alguns dos projetos que ele levou a termo em seus anos de
colaboração com a Assembleia Legislativa.
MEDALHA
Os conselheiros da Fundação Econômico Miguel Calmon e os
colaboradores do Museu Eugênio Teixeira Leal também informaram ao Legislativo o
pesar que tiveram com o súbito desaparecimento do ?amigo e parceiro de ambas
instituições?, historiando parte da produção editorial realizada em conjunto: “Apaixonado pela história da nossa terra e da nossa gente, o doutor Délio
Pinheiro conseguiu o apoio desta Assembleia para viabilizar um projeto
acalentado desde os anos 90, que resultou na coleção Memória da Bahia, em cinco
volumes, publicada entre 2009 e 2018, além de uma primorosa (e ampliada)
reedição da Cartografia de Canudos, do professor José Calasans, um dos
diretores do Museu Eugênio Teixeira Leal”.
A nota prossegue destacando que esse trabalho incansável, frutífero,
foi reconhecido em 2019 pela Fundação Econômico Miguel Calmon e pelo Museu
Eugênio Teixeira Leal que o homenagearam com a medalha Eugênio Teixeira Leal,
entregue em ato solene que contou com as presenças dos doutores Luís Carlos de
Andrade Ribeiro, diretor-presidente da Fundação, e Ângelo Calmon de Sá, patrono
do Museu: “O professor Délio Pinheiro nunca mediu esforços para abraçar uma
nobre causa. Com um coração imenso se desdobrava com zelo, generosidade,
atenção, solidariedade, gentileza, dedicação, comprometimento, consideração e
companheirismo sempre para ajudar”, acrescentou a moção das duas entidades.
“Portanto, a Fundação Econômico Miguel Calmon e o Museu
Eugênio Teixeira Leal, através de seus conselheiros e colaboradores, nesse
momento de dor, prestam solidariedade à viúva dona Juçara Pinheiro, aos filhos
Júlia e Pedro, ao genro e nora, Rafael e Gabriela, e a seus muito amados netos
Vítor, Bernardo e Daniel, e demais familiares, os mais sinceros sentimentos de
pesar, na esperança que Deus dê o conforto necessário aos corações enlutados e
que o saudoso Délio Pinheiro descanse em paz”. (Agencia Alba).
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