Câncer de pele: Brasil terá mais de 185 mil casos em 2020

A Campanha Dezembro Laranja alerta para dados do Inca, que
prevê 4 mil mortes pela doença este ano, e reforça necessidade da prevenção e
diagnóstico precoce mesmo durante a pandemia do novo coronavírus.

Não é por acaso que o último mês do ano, na alta estação, é
chamado de Dezembro Laranja e dedicado à conscientização sobre a importância da
detecção precoce e tratamento correto do câncer de pele. Tipos mais frequentes
de tumores malignos no Brasil, o câncer de pele melanoma e o não-melanoma
responderão, juntos, por mais de 185 mil novos casos no país, em 2020, com mais
de 4 mil mortes, segundo o Instituto Nacional do Câncer (Inca). Dos novos casos
deste ano, a Bahia responderá por mais de 8 mil.

Devido à pandemia da Covid-19, as atividades médicas e
cirúrgicas planejadas estão sendo adiadas, o que pode levar a atrasos no
diagnóstico e tratamento. “Negligenciar o melanoma durante essa crise poderá
resultar em aumento da mortalidade, da morbidade e elevar os custos do
tratamento. A chance do diagnóstico precoce e, consequentemente maior taxa de
cura, não pode ser perdida”, alerta o cirurgião oncológico Miguel Brandão,
coordenador do Departamento de Cirurgia Oncológica da Clínica AMO, cuja
campanha deste ano traz como slogan “AMO um Verão com Proteção”.

Um jingle foi gravado com o slogan da campanha, que inclui
ainda spot de rádio, plotagem do pedágio do Litoral Norte, distribuição de
material informativo nas unidades AMO, outdoor, peças e vídeos educativos para
redes sociais.

Tipos do câncer de pele

O câncer de pele pode se apresentar de duas formas: o
não-melanoma (mais comum, com cerca de 30% dos tumores malignos registrados no
país) e o melanoma, mais grave e representando 3% dos casos. Segundo o Inca, em
2020 no Brasil, serão mais de 8,4 mil casos novos, com mais de 1,7 mortes para
o tipo melanoma e 176 mil novos casos, com mais de 2,3 mil mortes para o
não-melanoma.

O melanoma tem origem nas células produtoras de melanina e é
mais frequente em adultos brancos, podendo surgir em qualquer parte do corpo,
na pele ou mucosas, na forma de manchas, pintas ou sinais. Nos indivíduos de
pele negra, é mais comum na palma das mãos e planta dos pés. Pela alta
possibilidade de provocar metástase, é a forma mais grave. No entanto, nos
últimos anos, o diagnóstico precoce e a introdução de novos medicamentos
imunoterápicos têm melhorado a sobrevida dos pacientes.

O não-melanoma apresenta altos percentuais de cura, se
detectado e tratado precocemente. Entre os tumores de pele, é o mais frequente
e de menor mortalidade, sendo mais comum acima dos 40 anos. “Com a constante
exposição de jovens aos raios solares, a média de idade vem diminuindo”, como
alerta o cirurgião Miguel Brandão. O câncer de pele não-melanoma tem como tipos
o carcinoma basocelular (mais comum e menos agressivo) e o carcinoma
epidermóide.

Diagnóstico e tratamento

Evitar a exposição ao sol entre 10h e 15h, quando os raios
ultravioletas (UV) são mais intensos, continua sendo um grande aliado na
prevenção associada ao uso diário do protetor solar. Além disso, é importante
utilizar a proteção física, através de camisas e chapéus com tecidos com
proteção contra radiação ultravioleta. Entre outros fatores de risco, os
especialistas destacam a exposição a câmeras de bronzeamento artificial e histórico
familiar.

Com relação à detecção, o uso do dermatoscópio tem
contribuído decisivamente para o diagnóstico e tratamento precoce do melanoma,
bem como na melhora nos índices de sobrevida. “O dermatoscópio permite uma
visão ampliada da lesão de pele de 6 a 400 vezes, permitindo visualização da
derme e epiderme, diferenciando as lesões melanocíticas e indicando quais
necessitarão de cirurgia. Para pacientes de alto risco para melanoma, é
indicado o Mapeamento Corporal Total, exame realizado por nossa equipe de
dermatologistas”, explica Miguel Brandão.

“Vale como alerta o aparecimento de qualquer pinta na pele,
que aumente de tamanho, mude de cor, de forma, tenha bordas irregulares,
descame e ou provoque coceira”, reforça Miguel Brandão, lembrando da regra
ABCDE: assimetria; bordas irregulares; cor variável; diâmetro (maior que 6 mm);
e evolução. “Nem sempre, alterações na pele significam câncer, mas precisam ser
avaliadas por um dermatologista”, completa Miguel Brandão.

Entre as técnicas para tratamento do câncer de pele, a
cirurgia destaca-se como a mais indicada. A depender do estágio, podem ser
utilizadas a radioterapia e a quimioterapia. Em caso de metástase – quando o
câncer atinge outros órgãos -, há a opção por tratamentos medicamentosos, que
postergam a evolução da doença e aumentam a sobrevida do paciente. (Ascom).

Foto: Divulgação/Ascom