Ou o PT muda ou acaba, dispara Marta

De volta ao Senado após deixar o Ministério da Cultura,
a senadora Marta Suplicy (SP) decidiu abrir fogo contra sua ex-chefe, a
presidente Dilma, e o seu partido, o PT. Em entrevista ao jornal O Estado de S.
Paulo, Marta disse que o ex-presidente Lula gostaria de ter sido o candidato do
PT ao Planalto em 2014 e que ele não tem hoje qualquer ascendência sobre Dilma,
a quem ela responsabilizou pelo [fracasso] da política econômica. A petista
também disparou contra o ministro da Casa Civil, Aloizio Mercadante, chamado
por ela de [inimigo], e o presidente do PT, Rui Falcão, qualificado como [traidor]
do partido.

Marta também afirmou que não reconhece mais a legenda
que ajudou a fundar. [Ou o PT muda ou acaba], sentenciou em entrevista à
jornalista Eliane Cantanhêde, que estréia sua coluna no jornal paulista após
ter deixado a Folha de S. Paulo no ano passado. Segundo a senadora, o PT é um
partido cada vez mais isolado que luta pela manutenção no poder e conheceu em
São Paulo sua maior derrota eleitoral das últimas décadas por causa de seus [desmandos].

[O Mercadante é inimigo, o Rui traiu o partido e o
projeto do PT, e o partido se acovardou ao recusar um debate sobre quem era
melhor para o país, mesmo sabendo das limitações da Dilma. Já no primeiro dia
vimos um ministério cujo critério foi a exclusão de todos que eram próximos do
Lula. O Gilberto Carvalho é o mais óbvio], declarou, em referência ao
ex-ministro da Secretaria-Geral da Presidência, uma das figuras mais próximas
de Lula.

Marta disse que, embora nunca tenha admitido
explicitamente, o ex-presidente trabalhava com a hipótese de ser o candidato
petista à Presidência da República no ano passado por causa do desgaste do
governo Dilma. [Nunca admitiu, mas decepava (sic) ela: |Não ouve, não adianta
falar|, contou. Na avaliação dela, Lula desistiu de enfrentar Dilma para evitar
uma |uma disputa em que os dois iriam perder|.

[Os desafios agora são gigantescos, porque não se
engendraram as ações necessárias quando se percebeu o fracasso da política
econômica liderada por ela. Em 2013, esse fracasso era mais do que evidente.
Era preciso mudar a equipe econômica e o rumo da economia, e sabe por que ela
não mudou? Porque isso fortaleceria a candidatura do Lula, o |volta, Lula|],
disse a senadora.

Na entrevista ao Estadão, Marta elogiou a nova equipe
econômica, mas disse não acreditar que os ministros Joaquim Levy (Fazenda) e
Nelson Barbosa (Planejamento) terão de Dilma a autonomia necessária para
ajustar os rumos da economia. [É preciso ter humildade e a forma de reconhecer
os erros é deixar a equipe trabalhar. Mas ela não reconheceu na campanha, nem
no discurso de posse. Como que ela pode fazer agora?].

Para ela, os novos ministros não poderão recorrer ao
ex-presidente Lula. [Você não está entendendo. O Lula está fora, totalmente
fora.] Segundo a petista, o cenário que se desenha dentro do partido é uma
disputa entre Lula e Mercadante em 2018. [Mercadante mente quando diz que não
será candidato. Ele é candidatíssimo e está operando nessa direção desde a
campanha, quando houve complô dele com Rui e João Santana [marqueteiro do
partido] para barrar Lula.]

Declarando-se alijada e cerceada no PT, Marta Suplicy
diz que estuda a possibilidade de deixar o partido e sinalizou que tem convites
de quase todos os partidos, exceto PSDB e DEM. Segundo ela, uma eventual
mudança de legenda não passa necessariamente pela decisão de disputar a
prefeitura de São Paulo contra o petista Fernando  Haddad, atual prefeito que deve concorrer à
reeleição.(Congresso em Foco)