PMDB declara apoio a Eduardo Cunha para presidência da Câmara

Preocupados com a investida do Palácio do Planalto, a Executiva
Nacional do PMDB decidiu nesta quarta-feira, 14, declarar apoio à candidatura
do líder do partido na Câmara, Eduardo Cunha (RJ), à presidência da Casa. A
decisão foi formalizada esta manhã em reunião comandada pelo presidente do
partido e vice-presidente da República, Michel Temer.

Em um documento divulgado ao final do encontro, a direção do
partido declarou, por unanimidade, apoio a Cunha e também ao candidato do PMDB
a presidência do Senado. O atual presidente do Senado, Renan Calheiros
(PMDB-AL), deve buscar a reeleição, mas resiste de se lançar candidato no
momento para não virar [vitrine].

Cunha e Renan não participaram do encontro. A decisão da
Executiva do PMDB é uma reação à articulação do Palácio do Planalto de tentar
desidratar a candidatura de Cunha e eleger o petista Arlindo Chinaglia (SP). Os
presentes queixaram-se da atuação em favor de Chinaglia e também da articulação
dos ministros Gilberto Kassab, das Cidades, e Cid Gomes, da Educação, para
criar novos partidos que poderiam enfraquecer o PMDB no Congresso.

A manifestação da Executiva é um gesto raro, não realizado há
pelo menos 15 anos. O PMDB também tomou tal posição uma semana depois de serem
veiculadas denúncias que envolveram Cunha com suposto recebimento de propina no
curso da Operação Lava Jato. O peemedebista nega e classifica as notícias de
[alopragem] para prejudicar sua candidatura.

No início da semana, a defesa do doleiro Alberto Youssef isentou
Cunha de envolvimento com seu cliente. Em rápido pronunciamento após o
encontro, Michel Temer disse que a declaração de apoio tem por objetivo
[revelar a unidade do PMDB].

Um dos presentes ao encontro, o ex-ministro Geddel Vieira Lima ?
que fez campanha para o tucano Aécio Neves em outubro ? foi o que deu o recado
mais direto ao governo. Disse que o PMDB vai olhar [com lupa] se o governo vai
tratar o partido como aliado ou não.

[O governo tem que tomar cuidado para que isso (apoio ao candidato do PT) não represente uma divisão
que lhe possa ser prejudicial em um futuro próximo, quando reabrir o Congresso],
afirmou. Para Geddel, o governo terá ?maturidade? para não se envolver numa
disputa como essa.

O deputado Darcísio Perondi (PMDB-RS) defendeu a candidatura do
líder do seu partido. [Nos tempos do Arlindo como presidente, a Câmara era um
puxadinho do Planalto], afirmou Perondi.

Os presentes não comentaram, durante o encontro, sobre a prisão
do ex-diretor da Área Internacional da Petrobras Nestor Cerveró hoje de
madrugada. Cerveró seria indicação do PMDB. [Cerveró é assunto da Polícia
Federal], resumiu Geddel. (Ricardo Brito, Ricardo Della
Coletta e Isadora Peron/AE)

Foto: Wilson Dias/ABr