A presidente
Dilma Rousseff vai usar sua primeira reunião ministerial do novo mandato, na
terça-feira, 27, para deixar claro a todos os 39 ministros que eles terão de
cumprir as determinações de corte de gastos e de investimentos que estão sendo
propostas pela nova equipe econômica do governo.
A estratégia
presidencial é tentar minar desde já focos de resistência de titulares das
pastas contra o contingenciamento de verba que ainda nem atingiu efetivamente o
orçamento dos ministérios, mas já provoca chiadeira. Em outras palavras, a
petista quer |empoderar| os titulares da Fazenda, Joaquim Levy, e o do
Planejamento, Nelson Barbosa, diante dos demais companheiros de Esplanada.
A presidente
também mostrará que é |para valer| a ordem dada a cada um dos ministros para
que enviem ao Planejamento uma lista detalhada com todos os projetos de suas
respectivas pastas com as indicações sobre o gasto que é essencial, o que é
adiável e ainda aquele que pode ser eliminado dos planos.
Depois das
medidas de aumento de impostos, as resistências dentro do governo ao plano de
ajuste fiscal de Levy começaram a ganhar força. A maior crítica, que parte até
do PT, é de que a estratégia do ministro não pode focar apenas no corte de
despesas e aumento da carga tributária, mas precisa sinalizar medidas de
contraponto ao quadro recessivo da economia que se avizinha. O cenário vai se
agravar com a crise de abastecimento de energia e água.
As
dificuldades do ministro ficaram mais claras diante dos ruídos que surgiram com
as entrevistas que Levy concedeu durante o Fórum Econômico Mundial de Davos, na
Suíça, nos últimos dias. Em três ocasiões seguidas, ele teve de esclarecer
declarações que repercutiram mal no Planalto. Todas elas sobre temas delicados
como recessão econômica, reformas dos direitos dos trabalhadores e risco de
racionamento de energia.
Na área
econômica, a percepção é de que, mesmo com o aval do Palácio do Planalto às
medidas restritivas, a presidente precisa buscar apoio do PT e dos partidos da
base aliada ao Plano Levy. O ministro está se preparando para a fase mais
difícil, quando os cortes forem anunciados e mexerem nos recursos dos ministros
?políticos? de Dilma.
Se por um
lado as medidas ortodoxas vêm causando algum conflito no meio político, por
outro lado estão encontrando respaldo ? ou ao menos indiferença ? da maioria da
população, segundo pesquisas internas que vêm sendo realizadas pelo Palácio do
Planalto. De acordo com estrategistas do governo, a aprovação de Dilma ainda
não apresentou queda com os anúncios recentes. (AE)
(Foto-Evaristo-Sa-AFP