Participação de Pazuello em ato pode abrir nova crise militar no governo Bolsonaro

O Estadão apurou que o Comando do Exército deve analisar o
caso amanhã. Até o começo da tarde deste domingo, a instituição não havia se
pronunciado sobre o caso.

Na quarta-feira, dia 19, o ministro-chefe do Gabinete de
Segurança Institucional, general Augusto Heleno, disse à Comissão de
Fiscalização e Controle da Câmara que os militares da reserva podem participar
de manifestações, ao contrário dos que estão na ativa. “Os da ativa não
podem e serão devidamente punidos se aparecerem em manifestações políticas”.

O temor no exército é que, se Pazuello ficar impune, os
comandantes de unidades percam a autoridade para punir, eventualmente,
sargentos ou tenentes que resolvam seguir o exemplo do general, inclusive os
que resolverem participar de atos políticos de partidos de oposição.

O PSDB publicou, em seu perfil no Twitter, uma nota
criticando a participação de Pazuello no ato: “Um General de Divisão do
Exército Brasileiro participando de um evento de natureza política não condiz e
não respeita a instituição da qual faz parte”, diz parte do texto.

O presidente do Cidadania, Roberto Freire, também pediu a
punição de Pazuello. Para ele, a participação do ex-ministro no ato foi, ao
mesmo tempo, um atentado contra a saúde pública e “um ato político de
extrema-direita”. “O Alto Comando do Exército não pode deixar passar tal gesto
de quebra de hierarquia e indisciplina”, disse Freire, em nota. Segundo ele, as
Forças Armadas devem deixar claro que não serão transformadas em instrumento
político.

O presidente Jair Bolsonaro participou de um passeio com
motociclistas no Rio na manhã deste domingo, 23. No final do ato e com a
máscara no queixo, Pazuello passou no meio da multidão de apoiadores e subiu no
carro de som onde estava o presidente. / (Marcelo Godoi – Estadão) COLABOROU PEDRO VENCESLAU

Foto: Wilton Júnior/Estadão