Sem vacina, contaminação de jornalistas por Covid se agrava na Bahia

Os colegas Daniel Silva e Leo Santos, âncora e repórter do
Programa Brasil Notícias, da rádio Brasil FM, de Vitória da Conquista, testaram
positivo para a Covid-19. Também adoeceram os operadores Marcos Trindade e
Josué Marinho. Com isso, toda a equipe do programa está infectada. Esta tem
sido a sina dos profissionais de imprensa no Brasil em 2021, desde que a
segunda onda da pandemia se abateu sobre o país.

O primeiro a adoecer foi o repórter Leo Santos. Na
sequência, os demais colegas foram testando positivo. Como vem alertando o
Sinjorba às autoridades, a rotina de adoecimento e transmissão segue essa
sequência. Na rua, o jornalista/radialista tem contato com o vírus, se
contamina e no período em que fica assintomático transmite a doença para os
demais trabalhadores que estão com ele na redação ou estúdio. A partir daí,
estão em risco as famílias e todos com quem têm contato.

“Os gestores de saúde do Estado entenderam o nosso alerta e
aprovaram a vacinação dos profissionais de imprensa da linha de frente, mas
estamos aguardando o Ministério Público suspender sua ‘recomendação’ aos
prefeitos para não imunizarem este segmento, prioritariamente, a fim de que
possamos amenizar esta tragédia que se abateu sobre jornalistas e radialistas”,
diz Moacy Neves, presidente do Sinjorba.

Moacy se refere à “recomendação” do MPF (Ministério Público
Federal), com o apoio do MPE (Ministério Público Estadual), para que os
prefeitos baianos não cumpram a decisão da CIB (Comissão Intergestores
Bipartite), formada pelo Secretaria Estadual e secretarias municipais de Saúde,
que na terça (18) aprovou a inclusão de jornalistas e radialistas que estão em
trabalho externo e em redação e estúdios nas prioridades do Plano de
Imunização.

Para o Sinjorba, a CIB corrigiu um “defeito de fabricação” do Plano Nacional de Operacionalização da Imunização, do Ministério da Saúde,
que não incluiu os profissionais de imprensa no rol das categorias que deveriam
ser imunizadas prioritariamente contra a covid-19. “Existe um decreto federal
de março de 2020 que tornou a imprensa serviço essencial na pandemia e, por
isso, jornalistas e radialistas não podem se negar a cumprir pautas externas,
inclusive em hospitais e locais de grande aglomeração”, diz o presidente da
entidade.

Moacy Neves pede atenção e agilidade ao Ministério Público
na análise das informações que a entidade entregou na quinta (20) aos
procuradores. No documento o Sinjorba expõe o problema e elenca os argumentos e
números que nortearam o pedido para a vacinação de jornalistas e radialistas. “Não podemos ser essenciais para morrer e esse risco pode ser diminuído com a
imunização, mas vacinar agora é uma decisão que está nas mãos do MPF e MPE”,
destaca ele.

O Sinjorba continua conversando com prefeitos e secretários
de saúde sobre a questão e aguardando a resposta do MP. A entidade avisa,
entretanto, que não vai esperar indefinidamente enquanto jornalistas e radialistas
estão adoecendo e morrendo. “Temos registros de mais de 350 casos, com 23
óbitos de colegas na Bahia e não vamos ficar contando doentes e mortos entre
nós sem tomar medidas”, diz Moacy. O Sindicato avalia ingressar na justiça e
convocar uma assembleia da categoria para aprovar o trabalho de todos somente
na modalidade home office. (Ascom).

Foto: Divulgação-Ascom