Previsões de alta do PIB deste ano já chegam a 5% com aumento do otimismo no Brasil

O otimismo com o crescimento econômico neste ano continua a
aumentar e as projeções já alcançam 5,0%. O gatilho do movimento foi acionado
por dados mais positivos dos setores da atividade no primeiro trimestre,
principalmente em março, quando era esperada queda significativa em meio à
piora da pandemia de covid-19 e restrições ao funcionamento de estabelecimentos
não essenciais. A melhora das estimativas do Produto Interno Bruto (PIB)
decorre também dos efeitos da retomada global e do retorno mais rápido da
mobilidade após decretos de isolamento. A onda pode ganhar amplitude com o
resultado do PIB do primeiro trimestre, que será divulgado na terça-feira.

Na terça-feira passada, o Banco Fibra inaugurou as revisões
para 5,0% ? anteriormente a previsão era de 4,0%. Ontem, o Itaú Unibanco foi na
mesma direção, informando também mudança na expectativa para o segundo
trimestre, de queda de 0,1% para alta de 0,6%. Em 2020, o tombo do PIB
brasileiro foi de 4,1%.

O Fibra citou em relatório a “resiliência” da economia
frente à segunda onda de covid-19 no primeiro trimestre em um contexto de
vacinação “pouco satisfatório”, que pode ser explicada, segundo o banco, pela
taxa de juros real, recuperação do mercado de trabalho e cenário externo
bastante favorável, além do câmbio depreciado favorecendo o setor externo.

O Itaú já vinha argumentando que a redução da taxa de
poupança ante níveis extremamente elevados em 2020 e a retomada forte da
economia global, impulsionando commodities, sustentavam a atividade, mesmo com
a queda nos estímulos fiscais, favorecendo consumo e investimentos,
respectivamente. “Há risco de novos recrudescimento da pandemia, mas avaliamos
que o impacto econômico seria moderado, como verificado na segunda onda.”

Estudo

O economista-chefe do ASA Investments, Gustavo Ribeiro, fez
um estudo para avaliar o efeito da “despoupança” nos dados mais fortes do
primeiro trimestre, mas a indicação é que o gasto dos recursos acumulados por
precaução ou de forma circunstancial pelas famílias em 2020 foi mais rápido do
que o esperado diante de um mercado de trabalho ainda fragilizado.

Logo depois dos dados setoriais de março, há cerca de duas
semana, o ASA Investments já elevou a projeção para o PIB de 2021 de 2,6% para
4,5%. Por outro lado, Ribeiro observou que ainda existem temores relacionados à
pandemia, que podem retardar uma ampla abertura da economia.

O economista-chefe do Bradesco, Fernando Honorato, comentou
em debate virtual no início desta semana que, se o PIB do primeiro trimestre
confirmar o desempenho do IBC-Br, as projeções do mercado devem migrar de 4,0%
a 4,5% para 4,5% a 5,0%, ou até acima. O IBC-Br subiu 2,3% no primeiro
trimestre ante o quarto trimestre, com ajuste sazonal, e 2,27% frente a igual
período de 2020. O Bradesco, porém, só deve revisar oficialmente o cenário para
o ano após o resultado do primeiro trimestre.

Mais cauteloso, o Santander Brasil revisou a projeção de
3,0% para 3,6%, também admitindo chances de alta. Segundo a economista-chefe,
Ana Paula Vescovi, há dúvidas ainda sobre a “saída” da segunda onda da
pandemia, uma vez que os indicadores da doença seguem em patamares ainda
preocupantes. No boletim Focus desta semana, a mediana das projeções do mercado
financeiro para o PIB de 2021 subiu de 3,45% para 3,52%. (Thaís Barcellos, Maria Regina Silva e Eduardo Laguna – Estadão).

Foto: Daniel Teixieira – Estadão