O Ministério
Público Federal rechaçou a tese da defesa dos empreiteiros presos na Lava Jato,
de que as ações penais não deveriam ser julgadas pelo juiz Sérgio Moro,
responsável pelas ações da Lava Jato.
O MPF acusou
a defesa dos executivos de tentarem |desconstruir| as denúncias ao argumentar
que as ações penais deveriam ser julgadas nos locais onde ocorreram os delitos,
além de Curitiba (PR), onde estão todas as ações da Lava Jato que não envolvem
autoridades com foro privilegiado.
[Pedem o
desmembramento e a remessa de cada fato para local distinto: São Paulo, Recife,
Rio de Janeiro e Curitiba. Estão elas desempenhando ? e bem ? seu papel de
fragmentação, de desconstrução da tese acusatória, em detrimento do conteúdo,
pois seu objetivo é criar novas hipóteses explanatórias defensivas], afirma o
procurador da República Deltan Dallagnol, que atua na força-tarefa da Lava
Jato.
No documento
de 42 páginas encaminhado à Justiça Federal do Paraná, Dallagnol responde as
argumentações da defesa do vice-presidente da Camargo Corrêa, Eduardo Hermelino
Leite e faz um resumo da operação desde o seu primeiro inquérito, que
investigou a lavagem de dinheiro do mensalão feita pelo ex-deputado José Janene
com apoio do doleiro Alberto Youssef em Londrina (PR). Segundo o procurador, no
decorrer das investigações, foram se revelando novas provas da atuação do grupo
capitaneado por Youssef e que expandiu sua atuação para diferentes regiões do
País.
[A
investigação batizada de operação Lava Jato, elucidou diversas práticas
delitivas envolvendo vários agentes e núcleos criminosos que se relacionavam
entre si, de forma que a prova dos delitos de um conduziu à prova dos crimes
perpetrados pelos outros, e vice-versa, em evidente conexão], assinala o
procurador.
Início.
Dallagnol lembra ainda que a investigação se iniciou em Curitiba, onde existe
uma vara especializada em lavagem de dinheiro e crimes financeiros, e deve
continuar lá para possibilitar que o juiz Sérgio Moro consiga analisar todo o
esquema criminoso. [Reitera-se, contudo, que há muitos outros elementos de
prova, tanto já analisados e sob investigação, como também a serem analisados e
processados, os quais fortalecem e fortalecerão os vínculos que desde já são
visíveis], segue o procurador da República.
[De fato, a
investigação Lava Jato ainda está em seu início. Há inúmeras linhas de
investigação em desenvolvimento que se inter-relacionarão com os fatos já
apurados. Apenas a apuração e processamento conjuntos permitirão reconstruir a
história dos crimes que devem ser levados a julgamento], assinala.
Por fim, ele
ressalta que, [a competência dessa Vara Federal, nesse tocante, já foi afirmada
por diversas vezes para os casos denunciados nos momentos anteriores da
operação, por várias Cortes, lá se demonstrando a consumação de delitos
gravíssimos em solo paranaense, como lavagem de narcotráfico, lavagem dos
crimes contra o sistema financeiro e lavagem de corrupção. Se todos os fatos
são conexos e já se firmou a competência para os casos iniciais em Curitiba, todas
as ações devem aqui tramitar], conclui. (AE)