O Plenário da Câmara dos Deputados rejeitou, nesta terça
feira (10), a PEC do Voto Impresso (Proposta de Emenda à Constituição 135/19).
Foram 229 votos favoráveis, 218 contrários e 1 abstenção. Como não atingiu o
mínimo de 308 votos favoráveis, o texto será arquivado.
A proposta rejeitada, de autoria da deputada Bia Kicis
(PSL-DF), determinava a impressão de “cédulas físicas conferíveis pelo eleitor” independentemente do meio empregado para o registro dos votos em eleições,
plebiscitos e referendos.
Após a votação, o presidente da Câmara, Arthur Lira (PP-AL),
agradeceu aos deputados pelo comportamento democrático. “A democracia do
Plenário desta Casa deu uma resposta a este assunto e, na Câmara, espero que
este assunto esteja definitivamente enterrado”, afirmou.
A votação desta terça-feira é a terceira derrota do voto
impresso na Câmara, já que o tema foi rejeitado em duas votações na comissão
especial na semana passada.
O 1º vice-presidente da Câmara, deputado Marcelo Ramos
(PL-AM), também afirmou que o debate do voto impresso precisa ser superado. “O
brasileiro precisa de vacina, emprego e comida na mesa. A Câmara precisa virar
esta página para tratar do que realmente importa para o País”, declarou.
Oposição x governo
Para o líder da oposição, deputado Alessandro Molon
(PSB-RJ), a votação passa um recado ao governo federal. “Dizemos não às
intimidações, não à desestabilização das eleições, não à tentativa de golpe de
Bolsonaro. Queremos no ano que vem eleições limpas, seguras, tranquilas e
pacíficas, como o sistema atual garante”, disse Molon.
O líder do Novo, deputado Paulo Ganime (Novo-RJ), afirmou
que Bolsonaro é o maior culpado pelo placar registrado no Plenário da Câmara. “Se o debate está acalorado e com grandes chances de ser derrotado, eu credito
isso ao presidente Jair Bolsonaro, que colocou uma disputa ideológica em um
tema técnico e ameaçou as eleições do ano que vem. Isso não contribuiu nem um
pouco para o debate.”
Líder do PSL e defensor da proposta, o deputado Vitor Hugo
(PSL-GO) falou que a questão ainda não se encerrou. “Ainda que nós percamos no
Plenário hoje, nós já vencemos a discussão na sociedade brasileira porque
milhões e milhões de brasileiros foram às ruas expressar sua opinião e dizer
que não confiam no sistema”, declarou.
Vitor Hugo disse que os parlamentares agora vão pressionar o
Senado Federal para votar proposta com tema semelhante e pela criação de uma
comissão parlamentar de inquérito (CPI) sobre a segurança do sistema do
Tribunal Superior Eleitoral (TSE).
Desfile militar
Deputados aproveitaram ainda a sessão para criticar o
desfile de tanques e armamentos das Forças Armadas patrocinado pelo governo e
interpretado por muitos como tentativa de intimidação do Parlamento.
O deputado Camilo Capiberibe (PSB-AP) afirmou que há uma
agenda do governo contra a democracia. “Hoje o que nós vimos foi uma
demonstração patética de fraqueza do presidente, usando e expondo as Forças
Armadas à chacota pública nas redes sociais e na mídia internacional: a ‘tanqueata’ com seus tanques enfumaçados, aquela cortina de fumaça. Aquela
cortina de fumaça não vai passar. Nós vamos aqui botar um ponto final”, disse.
Para o líder do PDT, deputado Wolney Queiroz (PDT-PE), se
trata de uma manobra diversionista do governo Bolsonaro. “Colocar tanque na
rua, como Bolsonaro fez, é muito fácil, mas é difícil acabar com o desemprego,
vacinar a população, diminuir o preço do gás de cozinha, pagar um auxílio
emergencial. E pasmem: a pauta do Brasil é o voto impresso”, condenou.
Já o deputado Carlos Jordy (PSL-RJ) minimizou os impactos do
desfile militar da Operação Formosa. ?Essa operação ocorre desde 1988. Para que
tanto medo dos militares? Os militares não me constrangem?, disse. (Agência
Câmara de Notícias).
Foto: Cleia
Viana/Câmara dos Deputados