Advogados
contratados pela empreiteira Odebrecht tentam bloquear a remessa de documentos
da Suíça que possam incriminar a empresa e seus dirigentes nas investigações da
Operação Lava Jato. A Odebrecht foi citada por dois delatores ? o ex-diretor de
Abastecimento Paulo Roberto Costa e o ex-gerente Pedro Barusco ? pelo pagamento
de propina a executivos da Petrobras para obter contratos. Os procuradores
aguardam a vinda dessa documentação da Suíça para pedir à Justiça medidas
contra a empresa.
Paulo
Roberto Costa confessou haver recebido US$ 23 milhões (R$ 64 milhões) da
Odebrecht, em contas que abriu na Suíça por recomendação da empreiteira. O
relato consta dos depoimentos feitos após acordo de delação premiada. O
dinheiro que está na Suíça foi incluído no pacote de R$ 80 milhões que Costa se
comprometeu a devolver. Os documentos devem mostrar o caminho do dinheiro até chegar às contas de Costa naquele país. A
Odebrecht nega que tenha pago suborno e que tente obstruir a vinda de documentos.
As informações são do jornal Folha de S. Paulo.
Os
integrantes da força-tarefa que atuam na Lava Jato priorizaram a investigação
em torno da Odebrecht depois que ganharam força rumores de que a empreiteira
estava sendo poupada por pressões políticas. A operação foi desencadeada em
março do ano passado, mas até agora não houve buscas nem prisões de diretores
da empresa.
Segundo o
ex-diretor, foi um diretor da Odebrecht Plantas Industriais chamado Rogério
Araújo quem orientou-o a abrir as contas naquele país. As transferências
ocorreram entre 2008 e 2009, ainda de acordo com Costa.
O ex-gerente
Pedro Barusco citou a Odebrecht e o diretor Rogério Araújo em sua delação e
detalhou em uma planilha em quais obras da Petrobras a empreiteira teria pago
suborno. Numa lista dos 89 dos maiores contratos da Petrobras em que houve
pagamento de suborno, a Odebrecht aparece em 11 obras, sozinha ou em consórcio.
Só num dos
contratos da Odebrechet, na refinaria Abreu e Lima (PE), Barusco cita uma
propina de R$ 50 milhões, em valores atualizados. A obra foi feita em consórcio
com a UTC e OAS. Barusco também contou ter recebido cerca de US$ 1 milhão da
empreiteira no Panamá.
A estratégia
de tentar brecar o envio de documentos suíços já foi usada pelo tucano Robson
Marinho, conselheiro do Tribunal de Contas paulista acusado de ter recebido
suborno da Alstom. A medida retardou o envio de provas por três anos. Como o
Brasil tem um tratado de cooperação com a Suíça, os papéis chegariam em 60 dias
se não houvesse contestação.
(Foto; Piti
Reali/Estadão Conteúdo)