Em meio a um cenário de recrudescimento da crise
institucional entre os Poderes e da escalada de discursos de cunho autoritário,
o presidente Jair Bolsonaro afirmou que a população brasileira nunca teve uma
oportunidade como a que terá com os atos do próximo dia 7 de Setembro.
O presidente, porém, não deu detalhes sobre qual seria essa
oportunidade e para fazer o que exatamente no feriado.
As declarações foram dadas nesta terça-feira (31) em
Uberlândia (MG), em um discurso sem ataques ao Supremo Tribunal Federal, o que
tem sido raro nas últimas semanas, e com promessas de seguir a Constituição,
também raro diante de seguidas falas golpistas, como as de ameaça às eleições
de 2022.
“A vida se faz de desafios. Sem desafios a vida não tem
graça. As oportunidades aparecem. Nunca outra oportunidade para o povo
brasileiro foi tão importante ou será importante quanto esse nosso próximo 7 de
Setembro”, afirmou o presidente em discurso de improviso no interior mineiro.
O presidente se prepara para participar de protestos de raiz
golpista e de pautas autoritárias em seu favor que estão marcados para o
feriado de 7 de Setembro na Esplanada dos Ministérios, em Brasília, e na
avenida Paulista, em São Paulo. Bolsonaro prometeu comparecer e discursar nos
dois atos.
Como o próprio Bolsonaro já disse, ele busca nesses
protestos uma foto ao lado de milhares de apoiadores para ganhar fôlego em meio
a uma crise institucional provocada por ele mesmo, além das crises sanitária,
econômica e social no país.
Isolado, Bolsonaro perde apoio nas classes política e
empresarial, além de aparecer distante do ex-presidente Luiz Inácio Lula da
Silva (PT) em diferentes pesquisas de opinião sobre a corrida eleitoral de
2022.
Nesta terça, em seu discurso em Minas, o presidente criticou
a imprensa e o ex-presidente Lula. Também fez uma comparação do momento atual
do Brasil ao da proclamação da Independência, há 199 anos.
“Creio que nós vamos mudar os destinos do Brasil e
tenho certeza, dentro das quatro linhas da Constituição. Não será levantando
uma espada cima e proclamando algumas palavras. No passado, foi assim. Hoje
pela complexidade do que está em jogo em nossa nação, será um pouco
diferente”, disse.
Na sequência, afirmou que seria mais fácil para ele
“estar do outro lado”, não especificando qual este seria, mas disse
que prefere ter a consciência tranquila.
E voltou a falar em liberdade: “Um homem, uma mulher
sem liberdade não é ninguém. A liberdade é a origem para tudo. É a certeza que
nós podemos crescer”. (JOÃO
PEDRO PITOMBO E LUÍS CLÁUDIO CICCI –Folhapress).
Folha de São Paulo
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