HSBC teria recebido Us$ 6 milhões de propina, diz delator

No centro de
uma polêmica global por ajudar corruptos e evasores de todo o mundo, o HSBC de
Genebra abriu conta e recebeu o depósito de dinheiro em sua sede suíça
proveniente de propinas no caso da Petrobrás. Isso é pelo menos o que revela em
sua delação premiada o ex-gerente executivo de engenharia da Petrobrás Pedro
Barusco, que abriu um total de 19 contas em nove bancos na Suíça para receber
propinas.

A informação
faz parte do [Termo de Colaboração Premiada] entre Barusco e o Ministério
Público Federal.

O documento
aponta que o ex-gerente da Petrobrás [reconhece ter também recebido o valor
aproximado de US$ 6 milhões em nome da Offshore Vanna Hill, em nome de sua
esposa Luciana Adriano Franco em conta bancária no Banco HSBC, Genebra, os
quais reconhece como sendo produto ou proveito de crimes por ele praticado].

O texto
indica que Barusco renunciou [a todo e qualquer direito sobre eles e
comprometendo-se a prontamente praticar qualquer ato necessário à repatriação
desses valores em benefício do país]. Sua esposa, no mesmo documento,
[reconhece o depósito mencionado] e |igualmente renuncia a todo e qualquer
direito sobre eles|.

Na delação,
a data da abertura da conta não é indicada. Mas entre os detalhes colhidos pelo
MP está o registro de uma transferência no dia 12 de novembro de 2011 do HSBC
para a empresa criada por Barusco no Panamá, a Rhea Comercial. O valor seria de
US$ 980 mil.

Para
realizar seus depósitos no HSBC, Barusco afirma ter se utilizado dos serviços
do Bernardo Friburghaus, operador que também aparece na delação premiada de
Paulo Roberto Costa, ex-diretor da Petrobrás.

Lavagem. Na
semana passada, uma revelação feita por uma rede de jornais de todo o mundo
apontou como o HSBC funcionou como um instrumento para lavar dinheiro, gerando
uma polêmica internacional sobre o papel dos bancos e da Suíça no combate à
corrupção.

Segundo os
dados, o banco HSBC ajudou a mais de 8,7 mil brasileiros a depositar US$ 7
bilhões em contas secretas na Suíça. No mundo, o banco auxiliou a mais de 100
mil clientes a levar para a Suíça suas fortunas, nem sempre declaradas em seus
países. A lista desses clientes é um exemplo de como o sistema bancário do país
alpino lucrou ao manter contas de criminosos, traficantes, ditadores e
milionários que optaram por não pagar impostos ou pilharam seus países.

No Brasil, a
Receita Federal se limitou a indicar que abriu investigações para apurar [hipóteses
de omissão ou incompatibilidade de informações] prestadas ao Fisco Brasileiro
por brasileiros correntistas do Banco HSBC.

No caso do
HSBC, o Brasil aparece com destaque na lista, sendo o quarto país com maior
número de clientes no ranking das nacionalidades que mais usaram o banco e as
contas secretas. No total, foram mais de 6,6 mil contas. Entre as
personalidades brasileiras estava Edmond Safra. No mundo, a lista conta com
nomes como Fernando Alonso, Emilio Botin, David Bowie, Tina Turner ou o Rei
Abdallah, da Jordânia.

Os
documentos foram colhidos pelo Consórcio Internacional de Jornalismo
Investigativo e revelam a frequência pela qual personalidades viajavam para a
Genebra para consultar suas contas e administrar suas fortunas.

Bloqueio. Em
março de 2014, Barusco tentou fazer transferências e retirar seu dinheiro da
Suíça. Mas indicou em sua delação que suas contas foram congeladas naquele mês
pelas autoridades suíças, que já investigavam o caso. A Operação Lava Jato, que
investiga desvios de recursos em contratos da Petrobrás foi deflagrada
justamente em março do ano passado.

A Justiça
suíça confirmou a informação e indicou que o sistema criado por Barusco de
abertura de diversas contas e a criação de empresas offshore refletem um
esforço de [camuflar] a origem do dinheiro. Os suíços, porém, evitam dar
detalhes sobre o volume de dinheiro bloqueado. (AE)