Na tentativa de driblar negociadores que querem |suavizar|
seu plano de ajuste fiscal, o ministro da Fazenda, Joaquim Levy, está assumindo
pessoalmente a articulação com o Congresso para emplacar seu projeto de corte
de gastos e aumento de receitas. Na segunda-feira, ele terá um jantar com a
cúpula do PMDB no Palácio do Jaburu, residência oficial do vice-presidente
Michel Temer.
O ministro do Planejamento, Nelson Barbosa, e o presidente
do Banco Central, Alexandre Tombini, que completam a equipe econômica do
governo, não foram convidados para a reunião. Além de Temer, participarão do
encontro pelo PMDB os presidentes da Câmara, Eduardo Cunha (RJ), e do Senado,
Renan Calheiros (AL), além dos líder do partido na Câmara, Leonardo Picciani
(RJ), e no Senado, Eunício Oliveira (CE). Por ora, Levy tem agenda apenas com
os peemedebistas, mas negociará com outros partidos.
Cunha reconheceu que será |mais fácil| discutir o ajuste
fiscal com Levy, autor do plano. O PMDB quer perguntar ao ministro qual será o
verdadeiro impacto das medidas nas contas públicas, o cenário para os próximos
meses se o Congresso não aprovar as medidas e a margem de negociação com a qual
o governo trabalha.
Para o Planalto, no entanto, não há margem de negociação em
discussão, pois as medidas já estariam no limite do absolutamente necessário.
Um ministro, sob anonimato, explicou que, sem a aprovação do pacote e a
subsequente economia de quase R$ 20 bilhões necessária aos cofres públicos, o
governo teria de endurecer o contingenciamento de recursos do Orçamento de
2015, afetando outros programas oficiais.
O ministro lembrou que, desde que começou a trabalhar com o
governo, Levy tem dito que é preciso cortar pelo menos R$ 66 bilhões nos gastos
públicos deste ano – ou seja, as medidas provisórias representam parte do
ajuste necessário para equilibrar os números fiscais.
Preocupações – As preocupações com o PMDB, que já mandou
recado ao Planalto de que vai derrubar o veto de Dilma ao reajuste de 6,5 da
tabela do Imposto de Renda, foram discutidas nesta sexta-feira (20) em uma
reunião da coordenação política do governo. Um dos ministros que integram o
núcleo político aposta que Cunha vai chegar a um bom termo com o Planalto,
embora reconheça que o presidente da Câmara também criará muitas dificuldades
para o governo.
O Planalto também está preocupado com a articulação política
no Senado. O PMDB resiste a indicar um líder para o governo na Casa. Por ora, o
líder do PT, Humberto Costa (PE), ficará à frente dessa tarefa. As informações
são do jornal O Estado de S. Paulo. (Débora Bergamasco, Tânia Monteiro e
Adriana Fernandes)