Exceto os tumores
de pele não melanoma, no mundo, o câncer colorretal é o terceiro tipo mais comumente
diagnosticado em homens e o segundo em mulheres, de acordo com a Organização
Mundial da Saúde (OMS). No Brasil, é o terceiro mais frequente de modo geral,
segundo o Instituto Nacional do Câncer (Inca), que estima 40,9 mil novos casos
no ano, com 20,5 mil óbitos, sendo 10,1 mil em homens e 10,3 mil em
mulheres (2020-2022). Próstata e mama lideram a incidência no país, com 66 mil
casos por ano cada.
Nesse cenário, a campanha Março Azul reforça
a importância da prevenção e do diagnóstico precoce, uma vez que o câncer
colorretal é tratável e, na maioria dos casos, curável, se detectado
precocemente. Estilo de vida saudável – incluindo alimentação balanceada e rica
em fibras, exercícios físicos, combate à obesidade, ao tabagismo e ao excesso
de bebidas alcoólicas – pode evitar 30% dos casos. Na Bahia, a previsão
é de 1.480 novos casos no ano, sendo 1.020 em Salvador (Inca 2020-2022).
“Grande parte dos tumores tem origem a partir de pólipos,
lesões benignas que podem se desenvolver na parede interna do intestino grosso
e, que ao longo do tempo, podem se transformar em câncer. Os pólipos são
identificados e retirados durante o exame de colonoscopia, que deve ser
feito a partir dos 45 anos, conforme recomendação da US Preventive Services
Task Force (USPSTF) e da American Cancer Society”, explica a oncologista
da Clínica AMO Anelisa Coutinho.
A especialista alerta que os sintomas do câncer colorretal –
que podem ser inexistentes no início – também estão presentes em problemas
comuns como hemorroidas, verminoses e outros, podendo atrapalhar a pronta
identificação da doença. “Por isso, a avaliação médica é fundamental para o
diagnóstico correto e tratamento adequado a cada caso, levando-se em
consideração, sobretudo, o estágio da doença”, orienta a oncologista.
Diagnóstico
O câncer de cólon
e reto ou colorretal envolve tumores que começam na parte do intestino grosso
(cólon) e no reto (final do intestino, antes do ânus). O
diagnóstico pode ser feito a partir de exames clínicos, laboratoriais,
endoscópicos ou radiológicos em pessoas com sinais e sintomas sugestivos da
doença ou através do rastreamento para assintomáticos e para os que pertençam a
grupos com maior risco, como pacientes com histórico familiar ou pessoal de
câncer.
O rastreamento já está indicado a partir dos 45 anos para a
população assintomática e idealmente através do exame de
colonoscopia. Outras opções de exames de rastreamento, como a pesquisa de
sangue oculto nas fezes, podem ser usados quando da impossibilidade do exame
endoscópico. Na colonoscopia, observa-se a parte interna do intestino com o
intuito de verificar a presença de pólipos ou câncer. Em seguida, a
amostra retirada do tecido (biópsia) é submetida a análise para confirmação do
diagnóstico.
Dados registrados nos Estados Unidos e em países do ocidente
mostram que as taxas de
mortalidade por câncer colorretal diminuíram progressivamente desde meados da
década de 1980. Esse resultado pode ser atribuído, em parte, à maior utilização
dos métodos de rastreamento com detecção e remoção de pólipos colônicos, e
detecção em estágio inicial da neoplasia, além de tratamentos primários e
adjuvantes mais eficazes.
No entanto,
apesar de mais frequente a partir dos 50 anos, dados da Vigilância,
Epidemiologia e Resultados Finais dos Estados Unidos (SEER) apontam para
aumento de incidência entre pessoas abaixo dessa faixa, a uma taxa constante de
2%.
Principais fatores de risco:
. idade
igual ou superior aos 50 anos;
. excesso
de peso;
. alimentação
pobre em frutas, vegetais e demais alimentos ricos em fibras;
. consumo
de carnes processadas (salsicha, mortadela, linguiça, presunto, bacon e salame,
entre outras);
. ingestão
de carne vermelha em excesso (acima de 500 gramas de carne cozida por semana);
. história
familiar de câncer de intestino;
. história
pessoal de câncer;
. tabagismo;
. consumo
de bebidas alcoólicas;
. doenças inflamatórias do
intestino (retocolite ulcerativa crônica e doença de Crohn, bem como doenças
hereditárias: polipose adenomatosa familiar e câncer colorretal hereditário sem
polipose);
. exposição ocupacional à radiação ionizante,
como aos raios X e gama (profissionais da radiologia industrial e médica).
Sintomas mais frequentes:
. sangue
nas fezes;
. alteração
do hábito intestinal (diarreia e/ou prisão de ventre);
. dor
ou desconforto abdominal;
. fraqueza
e anemia;
. perda
de peso sem causa aparente;
. alteração
no formato das fezes (muito finas e compridas);
. tumoração
abdominal.
Tratamento:
Como explica a oncologista Anelisa Coutinho, em geral o
tratamento inicial é uma cirurgia para retirada da parte do intestino afetada e
os gânglios linfáticos (estruturas de defesa do corpo) da região, no abdome. Em
seguida, pode ser indicado ou não quimioterapia complementar, para diminuir a
possibilidade de recidiva.
“Vale destacar que o tratamento depende da localização e
extensão (estágio) do tumor, bem como das condições clínicas do paciente.
Quando, por exemplo, a doença já gerou metástases para o fígado, pulmão ou
outros órgãos, o tratamento já terá a intenção de combater a doença em uma fase
mais avançada. Daí, a importância do foco da campanha: prevenção e diagnóstico
precoce”, alerta a oncologista. (Ascom).
Foto: Divulgação/Ascom