Em meio às expectativas sobre as denúncias de envolvimento
de políticos na Operação Lava Jato, deputados instalaram nesta quinta-feira,
26, a Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) da Petrobrás na Câmara, que já
iniciou com uma polêmica. O deputado Arnaldo Faria de Sá (PTB-SP), que preside
nesta tarde a sessão de instalação da CPI, negou o questionamento feito pelo
PSOL sobre a permanência na comissão de deputados que receberam doações de
empreiteiras envolvidas na Lava Jato.
O PSOL avisou que vai recorrer da decisão no plenário da
Casa. Mais cedo, em plenário lotado, o deputado Ivan Valente (PSOL-SP) abriu a
sessão questionando a participação na comissão de parlamentares que receberam
financiamento eleitoral das empreiteiras implicadas na operação. Ele pediu a
destituição dos parlamentares que tenham recebido doações de OAS, Camargo
Corrêa, Sanko, Engevix, Galvão Engenharia, Mendes Júnior, UTC e Toyo Setal, sob
a alegação de que a permanência dos indicados levantaria suspeitas sobre a
isenção dos trabalhos. Entre os que receberam recursos das empreiteiras estão o
presidente do colegiado, o peemedebista Hugo Motta (PB) e o relator, o
ex-ministro da Pesca e das Relações Institucionais Luiz Sérgio (PT-RJ). Valente
aproveitou para registrar a candidatura à presidência da CPI.
Ao indeferir a questão de ordem de Valente sobre a
destituição de membros da comissão, Faria de Sá disse que os membros não foram
autoindicados e que quem concluir que deve se colocar em suspeição nas votações
da CPI, deve se declarar impedido.
Durante as discussões, o líder do PSOL, deputado Chico
Alencar (RJ), ainda insistiu na tese da destituição dos financiados pelas
empreiteiras citadas na Operação da Polícia Federal. [Quem contrata a orquestra,
escolhe a trilha sonora], comparou. O líder do PMDB, Leonardo Picciani (RJ),
disse que repudiava a tentativa de criminalização de doações legais.
Outros parlamentares tambám rechaçaram o questionamento. [Não
há doações que tenham sido feitas às escuras], disse o líder do PSC André Moura
(SE). [A questão de ordem do deputado Ivan Valente tem toda razão de ser],
pontuou o líder do PPS Rubens Bueno (PR).
O deputado Silvio Costa (PSC-PE) disse que a CPI já começa
com a oposição sofrendo de [Ptfobia]. [Eles não aguentam escutar o nome PT],
afirmo
O foco da CPI é investigar as irregularidades na Petrobrás
entre 2005 e 2015, denúncias de superfaturamento e gestão temerária na
construção de refinarias no Brasil, averiguar a constituição de empresas
subsidiárias e sociedades com o objetivo de praticar atos ilícitos na estatal,
investigar o afretamento de navios de transporte, plataformas e sondas e apurar
supostas irregularidades na operação da companhia Sete Brasil e venda de ativos
da Petrobras na África.
A CPI tem 27 deputados titulares e o mesmo número de
suplentes. Os trabalhos devem ser realizados em 120 dias. (AE)
Foto: Andre Moura Foto Dida Sampaio Estadão