Leão esperou pressão baixar para se pronunciar e teria condição para continuar aliado do PT

O vice-governador João Leão preferiu se manifestar por
meio de nota sobre o imbróglio criado na relação entre o Progressistas e os
aliados na base aliada do governador Rui Costa (PT). A razão, segundo quem tem
conversado com Leão, foi conter a indignação e medir as palavras para evitar
tensões ainda maiores dentro do grupo. O vice não teria participado
pessoalmente das conversas que eliminaram a chance dele ascender ao Palácio de
Ondina, com a virtual renúncia de Rui em meio às idas e vindas da chapa
majoritária governista. Ter a caneta de chefe do Executivo é o sonho mais
cobiçado por ele.

A decisão de Otto Alencar permanecer como candidato ao
Senado já teria sido comunicada ao grupo entre a última sexta (4) e sábado (5)
– as datas são importantes para entender a cronologia do problema. Ali então,
as negociações para encontrar uma cabeça de chapa foram intensificadas e, no
domingo (6), todos os aliados foram comunicados da decisão de que Rui
permaneceria no governo até o final do mandato e que o PT escolheria um nome
novo do partido para ser candidato ao Executivo – sem sequer ter sido cogitado
um gesto para Leão, que sempre externou o desejo de ser governador.

No próprio domingo, interlocutores que seriam mensageiros
para o vice já teriam antecipado que Leão não ficaria satisfeito com o novo
arranjo. A ideia era continuar as conversas para um entendimento que
contemplasse o líder do PP, ou seja, não permitisse que descontentamento do
vice fosse público. No dia seguinte, todavia, o planejamento foi modificado com
a entrevista concedida por Jaques Wagner a Mário Kértesz. Já na condição de
ex-candidato ao governo da Bahia, o senador expôs o arranjo para tentar mitigar
o vazamento das conversas.

A reação de Leão foi contida até a nota desta quarta (9),
quando ele tornou pública a insatisfação e indicou três caminhos possíveis: permanecer no governo, ser candidato a
governador e ser o palanque de Jair Bolsonaro na Bahia ou a hipótese até aqui
considerada mais palpável, migrar para o grupo político de ACM Neto (UB).

CONDIÇÃO PARA FICAR

Considerado traído no processo, Leão teria confidenciado
que a única forma de permanecer no grupo político do PT na Bahia é com o
cumprimento da promessa que foi feita, o mandato tampão de 9 meses no Palácio
de Ondina. Todavia, diante do contexto, esse arranjo é considerado improvável,
pois exigiria a renúncia de Rui e a formalização do que os petistas acreditam
ser a “chapa perfeita”, com o governador candidato ao Senado, Wagner ao governo
e Otto migrando para a vice. As duas últimas alternativas são tratadas como
extremamente remotas.

Esse cenário pode ser alterado com o andamento de
conversas envolvendo Leão, a direção nacional do Progressistas, o grupo
político de ACM Neto e o entorno do governador Rui Costa, com o esforço para
tentar contornar a inabilidade na condução do processo. (Anderson Ramos / Gabriel Lopes / Lula Bonfim / Fernando Duarte – Bahia Noticias). 

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