As
repercussões da Operação Lava Jato da Polícia Federal, que investiga corrupção
na Petrobras, não podem imobilizar o Senado. É isso que têm cobrado senadores
de diversas legendas desde a semana passada, quando o meio político ainda vivia
a expectativa da divulgação dos nomes investigados pelo Ministério Público. O
mote voltou a ser repetido nesta segunda-feira (9), após a publicação da lista.
O
vice-presidente do Senado, Jorge Viana (PT-AC), afirmou na quinta-feira (5) que
a prioridade da Casa será a de seguir votando sua pauta.
? A questão
da Lava-Jato está na mão da Justiça. Isso não pode e não vai interferir no dia
a dia da Casa. Nós temos que tratar de questões de interesse do país, e são
dois grandes temas: os ajustes econômicos e a reforma política. Isso está bem
claro ? garante.
O senador
José Agripino (DEM-RN) concordou que as reformas estruturais, encabeçadas pela
reforma política, devem continuar no topo das preocupações do Senado. Ele
entende que a Lava-Jato não pode ser ignorada, mas também não pode monopolizar
as discussões.
? A
Lava-Jato é uma das questões, mas as reformas são a cabeceira das nossas
responsabilidades, o que precisamos dedicar mais atenção. O Senado tem
obrigações constitucionais e vai cumpri-las todas.
Momento
difícil
Com a lista
de nomes investigados na Lava-Jato tendo sido trazida a público, os senadores
reagiram nesta segunda conclamando o Congresso a não cair na paralisia. O líder
do Bloco da Oposição, Alvaro Dias (PSDB-PR), disse ser ser inevitável que a
Operação Lava-Jato seja assunto entre os parlamentares, mas espera que,
justamente por isso, o Senado consiga manter-se propositivo.
? Temos que
trabalhar para reduzir as consequências do impacto desse novo momento que o
Congresso vai viver. É um momento difícil da história do país e nós temos que
deliberar aqui em questões cruciais para superar essa crise.
O líder do
PT, senador Humberto Costa (PE) ? um dos mencionados na lista de pedidos de
abertura de inquérito do procurador-geral da República, Rodrigo Janot, a partir
da Operação Lava-Jato ? disse que o Congresso deve seguir sua rotina de
votações normalmente e aguardar a Justiça tomar decisões antes de se envolver
com o caso.
? A postura
do Congresso tem que ser, acima de tudo, de sobriedade. Cumprir sua
responsabilidade, continuar votando matérias importantes e, no momento
adequado, se manifestar sobre as decisões que a Justiça tomar.
A senadora
Ana Amélia (PP-RS) discursou no Plenário e disse que o Senado recebe as
informações sobre a Lava-Jato com ?perplexidade? e que elas terão impacto na
Casa, mas que não pode perder o ?senso de responsabilidade?.
? Isso
seguramente contaminará o processo do trabalho legislativo, que já está muito
atrasado. Precisamos tratar dessa questão com a excepcionalidade que ela
merece, não para beneficiar ninguém, mas para que esta Casa não se paralise e
para que o Congresso não sangre em mais uma crise, que é de todas as ordens:
política, econômica e moral ? avaliou ela.
Reflexos
sobre reforma política
A Lava-Jato
e seus desdobramentos também podem afetar o andamento da reforma política no
Senado ? que, segundo alguns senadores, já não é dos melhores. Randolfe
Rodrigues (PSOL-AP) vê isso como uma possibilidade, mas disse esperar que não
seja o caminho seguido.
? Eu torço
para que não tenha essa interferência. Isso depende muito das opções a serem
feitas pelo presidente do Senado. Eu quero acreditar que esses acontecimentos
não podem ser objeto de paralisia da nossa pauta e da nossa agenda. O Congresso
precisa funcionar independentmente disso.
Por outro
lado, Vanessa Grazziotin (PCdoB-AM) acha que o cenário político turbulento
gerado pela operação da Polícia Federal pode ajudar provocar transformações
estruturais. Assim, a Lava-Jato poderia ser ?aliada da reforma política?.
? Quanto
mais a situação ferve, maior a possibilidade de a gente transformar o debate da
reforma política em decisões do Congresso ? confia ela.
Agência Senado
Waldemir
Barreto/Agência Senado