Semanalmente
há quase três anos, eles cumprem suas agendas de visita. Identificados com
crachás e “jalecos” feitos sob medida, chegam à clínica e fazem a ronda nas
unidades onde estão os pacientes para mais uma sessão de quimioterapia ou para
outra infusão medicamentosa. Embora não perguntem o que cada um está sentindo,
conseguem reconhecer quem tem necessidade de maior interação e assim o fazem.
Por isso, a chegada de Angus e Thor é um dos momentos mais aguardados da
semana. Os labradores de pelagem negra integram o Projeto de Intervenções
Assistidas por Animais (IAAs) da Clínica Amo.
Em cada
visita do Programa Amo Acolher, os cães, devidamente treinados para a
atividade, reforçam o que está descrito na literatura médica sobre os
benefícios da Terapia Assistida por Animais (TAA) adotada em vários países,
realizada por profissionais de saúde e que tem o animal como parte integrante
do processo terapêutico.
“Adotamos o
programa aqui e é gratificante ouvir os relatos dos benefícios emocionais e o
quanto isso favorece o tratamento, principalmente durante a
quimioterapia. Em quase três anos, contabilizamos 50 visitas e mais de 200
pacientes contemplados”, explica Graziela Brandão, gerente de Organização
Assistencial da Clínica Amo. As atividades foram suspensas no período mais
crítico da pandemia de Covid-19, mas já foram retomadas.
A psicóloga
Tatiane Seixas é tutora de Angus, que tem 7 anos e veio do Rio Grande do Sul.
Sem interferir na espontaneidade com que se dá a interação entre o labrador e “seus pacientes”, ela o conduz em cada visita. Tatiane, que conheceu Angus
durante um curso na área de IAAs, reforça que ele foi cuidadosamente treinado
para desenvolver a atividade e já faz isso desde 1 ano e quatro meses. “É uma
satisfação enorme poder desenvolver esse trabalho e é impossível contabilizar e
mensurar os ganhos para os pacientes, as equipes e os familiares e
acompanhantes”, avalia a tutora.
Benefícios
Entre outros
ganhos para o paciente revelados em centenas de estudos sobre as Intervenções
Assistidas por Animais estão a redução da percepção da dor, diminuição
dos níveis de ansiedade e estresse, redução do receio e preocupação em
internamentos melhora do sentimento de solidão, alívio dos sintomas de
depressão, motivação e maior contato com a realidade (no caso de pacientes
hospitalizados). Os cães auxiliam a equipe dos profissionais de saúde na intervenção
em situações de trauma, além de proporcionarem bem estar também para
acompanhantes.
Na Clínica
Amo, a visita dos labradores é desenvolvida em parceria com o GNAP, centro de
especialidades em saúde e reabilitação domiciliar. Os cães são devidamente vacinados,
vermifugados e mantidos em plena condição de saúde. As atividades seguem as
diretrizes da Associação Internacional de Organizações de Interação
Humano-Animal (IAHAIO).
Depoimentos
No primeiro
contato com Angus, Edvaldo Lopes Santos Filho, 53 anos, produtor cultural,
professor de dança e técnico de enfermagem, disse que “esse acolhimento é super
especial. As pessoas se autodescobrem num momento como esse. Emocionalmente
mexe com tudo, com toda a estrutura da gente. Há o momento de fraqueza, mas a vida
é cheia de renovações e, a cada momento, a gente tem que viver o melhor
possível. Tem gente que nem tem noção do que os animais podem nos dar e ajudar
em vários tipos de tratamento!”
“Eu já
conhecia Angus e Thor. Desde o início, eles vêm visitar a gente e isso faz toda
diferença. Eu sou apaixonada por animais e eles trazem um acalento para o
coração, trazem amor e ainda ajudam a passar o tempo. A mensagem que eu recebi
hoje de Angus faz todo sentido, fala de equilíbrio, apesar da tempestade”,
pontuou a farmacêutica Sabrina de Souza Ribeiro, 43 anos.
“Já tinha
comentado em casa com meus familiares, mostrei a foto e todo mundo se
apaixonou. Entrei aqui hoje e lembrei logo dele, do meu amor negro. Quando vi,
meu coração ficou a mil, fiquei radiante. A visita sempre é maravilhosa, acalma
o coração, enche de esperança e dá paz!”, disse dona Valdelice Portela Bispo,
81 anos, mostrando que guardava na agenda a primeira mensagem que recebeu do
labrador Angus. (Ascom).
Foto: Divulgação/Ascom