Incluído na lista dos políticos a serem investigados pela
Operação Lava Jato no Supremo Tribunal Federal (STF), o deputado Jerônimo
Goergen (PP-RS) destoa de seus colegas: em vez de atacar o procurador-geral da
República, Rodrigo Janot, como tem feito a maioria, descarrega sua indignação
contra o seu próprio partido, o PP, e o Palácio do Planalto. Para o deputado, o
Partido Progressista [acabou faz tempo] e não passa hoje de uma [prostituta].
[Só estou na lista porque sou PP], resumiu, negando ter
recebido qualquer vantagem indevida do esquema de corrupção da Petrobras. Para
ele, seu partido perdeu qualquer configuração ideológica e vive uma eterna
disputa interna de poder. [O que é o PP dentro desta Casa? Pergunta o que o PP
pensa sobre reforma política. Não pensa. Pergunta o que pensa sobre reforma
tributária. Não pensa. Pergunta o que pensa sobre qualquer coisa. Não pensa.
Está sempre se defendendo de um lado pro outro. Então, sob o ponto de vista
político, o PP acabou faz tempo. O PP estava no mensalão. Agora, ainda virou a
prostituta do processo. O governo jogou tudo no colo do PP], disparou o
deputado, nesta entrevista exclusiva ao Congresso em Foco.
Considerado uma das surpresas da lista de Janot, devido ao
distanciamento que sempre manteve em relação à cúpula da legenda, Goergen
demonstra mágoa com as lideranças de seu partido e desalento com a vida
pública. Chegou a questionar à reportagem se valeria a pena se reerguer
politicamente. Na última segunda-feira (9), o deputado chorou copiosamente ao
anunciar que se licenciaria do diretório estadual do PP. Na ocasião, também pôs
à disposição dos investigadores a quebra de todos os seus sigilos (bancário,
fiscal, telefônico etc).
Às voltas com as providências para apresentar sua defesa,
Goergen diz que já conversou sobre uma eventual migração para o PSD, partido do
ministro das Cidades, Gilberto Kassab, ex-prefeito de São Paulo. O deputado diz
estar disposto a tudo para provar sua inocência, ainda que perca o mandato por
infidelidade partidária caso troque de sigla. [Estou preso numa jaula agora.
Mas, para mim, nesse momento não importa. PP? Que exploda tudo! Vou cuidar de
mim.]
Ao todo, seis políticos do Rio Grande do Sul serão
investigados na Lava Jato: além de Jerônimo Goergen, outros quatro deputados do
PP gaúcho estão sob suspeita: Afonso Hamm, José Otávio Germano, Luiz Carlos
Heinze e Renato Molling. O ex-deputado Vilson Covatti (PP-RS) também está na
lista dos investigados.
Lavagem de dinheiro
Primeiro vice-líder da sigla na Câmara entre agosto de 2011
e fevereiro de 2013, o deputado acredita que, além das rusgas com o Palácio do
Planalto, intrigas internas por postos de comando podem ter contribuído para a
inclusão de seu nome no rol de investigados.
Segundo a Petição 5260, uma das dezenas protocoladas em 6 de
março no STF por Janot e acatadas pelo ministro Teori Zavascki, relator do
caso, Goergen é um dos 35 suspeitos de práticas ilícitas no âmbito da Lava
Jato. De acordo com a PGR, esse processo é o mais complexo, por envolver tantos
atores, e repete o modus operandi de desvio de dinheiro verificado no mensalão.
(Congresso em Foco)