Governadores podem ser reeleitos no 1º turno em metade dos estados

As eleições estaduais podem ser definidas em
primeiro turno em ao menos 12 estados e no Distrito Federal, apontam pesquisas
Datafolha e Ipec realizadas nas últimas duas semanas.

 

Entre os candidatos com mais de 50% nas projeções de votos
válidos estão dez governadores que concorrem à reeleição e dois ex-prefeitos de
capital que disputam o governo no campo da oposição.

 

Os cenários podem mudar, pois na maioria dos estados é alto o
patamar de indecisos ou com voto não convicto. A tendência, porém, é de
reeleição de muitos dos governadores.

 

Dos 19 nomes que concorrem a um novo mandato, 16 lideram de
forma isolada. São Paulo é o único estado em que o governador está atrás dos
rivais. Rodrigo Garcia (PSDB), que ascendeu ao cargo em abril deste ano, no
lugar de João Doria, está na terceira colocação.

 

Pesquisa Datafolha divulgada na última quinta-feira (1º) mostra
Garcia com 15% das intenções de voto, contra 21% do bolsonarista Tarcísio de
Freitas (Republicanos) e 35% de Fernando Haddad (PT).

 

Outros três governadores enfrentam empate técnico, segundo o
Ipec. Em dois casos, há disputa acirrada com ex-gestores. No Amazonas, Wilson
Lima (União Brasil) tem 30% das intenções de voto e está numericamente empatado
com Amazonino Mendes (Cidadania). Em Rondônia, o governador Marcos Rocha (União
Brasil) também tem 30% e empata na margem de erro com Ivo Cassol (PP).

 

O terceiro estado com empate técnico é Alagoas: o governador Paulo
Dantas (MDB) tem 24%, ante 21% do senador Rodrigo Cunha (União Brasil). O
senador Fernando Collor (PTB) vem logo atrás, com 17%.

 

Em outros 15 estados, a expectativa é de definição em segundo
turno, parte com até cinco candidatos com chances na disputa. A tendência,
porém, é que entre três e cinco estados repliquem a polarização nacional que se
desenha para um possível segundo turno entre o ex-presidente Luiz Inácio Lula
da Silva (PT) e o presidente Jair Bolsonaro (PL) na corrida pelo Planalto, a
exemplo de SP e RJ.

 

No maior colégio eleitoral do país, as pesquisas indicam disputa
entre Haddad e Tarcísio. No Rio de Janeiro, terceiro maior colégio eleitoral, o
embate tende a ser entre o governador Cláudio Castro (PL) e o deputado Marcelo
Freixo (PSB). Juntos, os dois estados reúnem 30% do eleitorado brasileiro.

 

Outro estado que tende a replicar a polarização é Sergipe, mas o
desenrolar da corrida depende da Justiça Eleitoral. Líder nas pesquisas, o
bolsonarista Valmir de Francisquinho (PL) foi considerado inelegível pelo TSE
(Tribunal Superior Eleitoral) por abuso de poder econômico e se mantém na
eleição com liminares.

 

Em Pernambuco e na Paraíba, candidatos que apoiam Lula, mas não
são apoiados por ele, despontam nas sondagens: a deputada Marília Arraes
(Solidariedade) e o governador João Azevêdo (Cidadania). A outra vaga para a
rodada final, porém, está embolada entre ao menos três nomes em cada um dos
estados.

 

Em outros cinco, a disputa é entre bolsonaristas e candidatos
que apoiam presidenciáveis da terceira via ou se declaram neutros. O principal
exemplo é o Rio Grande do Sul, onde pesquisas indicam um embate entre o
ex-governador Eduardo Leite (PSDB) e Onyx Lorenzoni (PL), ex-ministro de
Bolsonaro. Caso o cenário se concretize, Leite tentará atrair votos de
eleitores de Lula.

 

Em três estados, estima-se que nomes endossados por Lula
enfrentem candidatos que se dizem neutros, ainda que exista a possibilidade de
que se juntem ao campo bolsonarista no segundo turno, como no Ceará, onde o
deputado federal e líder nas pesquisas Capitão Wagner (União Brasil) adotou
neutralidade na eleição presidencial, mesmo apoiado pelo PL e por Bolsonaro.

 

Wagner tem reforçado que não segue o presidente: “Nunca fui
o apoiador que diz amém para tudo e em nenhum momento sou o opositor que
critica tudo”, afirmou, em agosto, em sabatina da Folha de S.Paulo e do
UOL.

 

Santa Catarina e Rondônia, estados nos quais Bolsonaro é
favorito, caminham para ter um segundo turno disputado entre dois apoiadores do
presidente. Por outro lado, o Maranhão deve para ter o embate entre dois
apoiadores de Lula: o governador Carlos Brandão (PSB) e o senador Weverton
Rocha (PDT).

 

As eleições que terminarem já no primeiro turno serão cruciais
no xadrez nacional, já que os vitoriosos poderão se dedicar ao papel de
cabos-eleitorais de Lula e Bolsonaro numa eventual rodada final -os 12 estados
com chance de vitória imediata representam mais de 60 milhões de eleitores, 40%
do total.

 

A tendência é que candidatos fortes que se mantêm equidistantes
da eleição presidencial, caso dos governadores de Pará, Helder Barbalho (MDB),
e Minas Gerais, Romeu Zema (Novo), desçam do muro no segundo turno para apoiar,
respectivamente, o ex-presidente e o atual chefe do Executivo.

 

“Os governadores eleitos entrarão em campo sem a
responsabilidade de se dedicar às suas próprias campanhas”, afirma a
cientista política Luciana Santana, da Universidade Federal de Alagoas.

 

Por outro lado, líderes estaduais que hoje apoiam Bolsonaro, mas
não fazem parte do núcleo raiz do bolsonarismo, podem evitar uma postura mais
incisiva, buscando pontes com Lula caso ele chegue ao segundo turno como
favorito, como apontam as pesquisas. O petista tem sinalizado que deve buscar o
apoio de partidos como MDB, PSD e até mesmo da União Brasil num possível embate
com Bolsonaro.

 

Candidatos que podem vencer no primeiro turno, segundo Ipec e
Datafolha

 

MG”?Romeu Zema (Novo)

 

PR”?Ratinho Júnior (PSD)

 

BA”?ACM Neto (União Brasil)

 

PA”?Helder Barbalho (MDB)

 

DF”?Ibaneis Rocha (MDB)

 

GO”?Ronaldo Caiado (União Brasil)

 

RN”?Fátima Bezerra (PT)

 

MT”?Mauro Mendes (União Brasil)

 

ES”?Renato Casagrande (PSB)

 

PI”?Sílvio Mendes (União Brasil)

 

TO”?Wanderlei Barbosa (Republicanos)

(João Pedro Pitombo | Folhapress)

Foto: Reprodução/TSE