Com a aproximação do segundo
turno, a campanha à reeleição do presidente Jair Bolsonaro (PL) tem acelerado o
recolhimento de doações de pessoas físicas.
No período entre 10 e 20 de
outubro, o candidato recebeu R$ 26,4 milhões, de acordo com informações
cadastradas no TSE (Tribunal Superior Eleitoral). O montante representa 34% de
tudo o que ele angariou de pessoas físicas ao longo da campanha –R$ 77,1 milhões.
Foram, em dez dias, ao menos 60
doações realizadas por pessoas que deram R$ 100 mil ou mais. O montante todo
não foi necessariamente transferido no período, já que há casos de doadores do
primeiro turno que fizeram novos repasses após a confirmação da volta final.
Os valores compensam o baixo
fundo eleitoral do PL, que ainda não direcionou recursos para a campanha do
presidente desde que o segundo turno foi confirmado.
Ao todo, Bolsonaro recebeu R$ 17
milhões do seu partido. Todo esse montante veio antes de 2 de outubro, data do
primeiro turno. Outros R$ 2 milhões vieram do Progressistas, dos quais R$ 1
milhão foi transferido em 7 de outubro.
As campanhas têm até três dias
para registrar as doações no TSE. Assim, os repasses feitos até a quinta-feira
da semana passada já foram computados. A maior doação até a última semana foi
feita pelo advogado e pastor evangélico da igreja Bola de Neve Fabiano Zettel,
que repassou R$ 3 milhões em 10 de outubro. Trata-se da maior doação individual
para a campanha de Bolsonaro.
Procurado, Zettel disse, por meio
de sua assessoria, que “atua nas áreas societária e de fusões e
aquisições, principalmente nos setores imobiliário e financeiro” e que
“também é investidor em projetos imobiliários e em empresas de
mineração”. Ele afirmou ainda que “realizou doações eleitorais de
acordo com a legislação e com suas convicções pessoais e valores cristãos de
família conservadora”.
O pastor repassou ainda R$ 2
milhões para a campanha de Tarcísio de Freitas (Republicanos) ao Governo de São
Paulo e R$ 10 mil para a candidatura a deputado federal por Minas de Lucas
Gonzales (Novo). O valor total de R$ 5,01 milhões o coloca na quinta posição
entre os maiores doadores dessa eleição.
A maior parte dos recursos foi
encaminhada à campanha de Bolsonaro nos dias 13, 14 e 17. Dos R$ 26,4 milhões
que entraram até o início da semana passada, R$ 14,1 milhões chegaram nessas
três datas.
O senador Flávio Bolsonaro (PL)
tem sido peça-chave para arrecadar doações. Ele tem viajado o Brasil para se
encontrar com produtores rurais e pedir recursos. O setor é uma forte base de
apoio do presidente.
O alto volume de doações repete a
dinâmica de toda a eleição, em que Bolsonaro tem se apoiado mais no dinheiro de
pessoas físicas. É o oposto do que faz o PT, que conta principalmente com o
fundo eleitoral. Isso acontece porque, em 2018, o partido elegeu 54 deputados,
à época a maior bancada da Câmara.
O resultado deu à sigla o direito
a quase R$ 500 milhões do fundo eleitoral para as eleições deste ano. Desse
total, R$ 122 milhões foram para a campanha de Lula até o momento.
Já o PL, partido que Bolsonaro
escolheu para se reeleger –em 2018, ele foi eleito pelo PSL, hoje União Brasil
após fusão com o DEM– recebeu R$ 268 milhões por ter eleito 33 deputados nas
eleições de 2018, quando ainda se chamava PR. Desse total, R$ 17 milhões foram
para a campanha do presidente.
Ao todo, Bolsonaro já declarou R$
84,6 milhões em receitas, enquanto Lula informou ao TSE ter recebido R$ 126,7
milhões, montante próximo ao teto de gastos para a campanha presidencial, de R$
133 milhões.
Além do fundo eleitoral, Lula
conseguiu quase R$ 2 milhões por meio de um financiamento coletivo e R$ 1,6
milhão em doações de pessoas físicas. Outro R$ 1,035 milhão veio do PSB,
partido do candidato a vice na chapa de Lula, o ex-governador de São Paulo
Geraldo Alckmin.
Apesar da diferença nos valores
declarados, as campanhas dos dois candidatos no segundo turno têm sido
similares em termos de produção de material para TV e para as redes sociais.
Mas nem só de grandes doações
vive a campanha do presidente, que declarou até agora ter recebido valores de
12,5 mil pessoas na soma dos turnos. A maior parte repassou R$ 50 ou menos –o
que inclui milhares de doações de R$ 1. O volume de microdoações causou
problemas para a campanha, que teve de declarar cada uma delas à Justiça
Eleitoral. (Lucas Marchesini e Ranier Bragon | Folhapress).
Bahia Noticias
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