Enem tem questões sobre resultado eleitoral, redes sociais e Manguebeat

O primeiro dia de provas do Exame
Nacional do Ensino Médio (Enem) 2022, realizado neste domingo (13/11), teve
questões sobre o Estado Democrático de Direito, em especial, o reconhecimento
do resultado das eleições, a participação das mulheres no universo do skate e a
valorização da cultura nordestina.

Carnaval, redes sociais,
acessibilidade de pessoas com deficiência e obras literárias também permearam
os itens da prova de linguagens e ciências humanas deste ano. A redação trouxe
como tema os direitos dos povos originários: “Desafios para a valorização de
comunidades e povos tradicionais no Brasil”.

O Enem começou às 13h30 e termina
às 19h, mas, às 15h30 os alunos puderam deixar o local de prova sem serem
eliminados. Contudo, para levar o caderno de questões e conferir o gabarito, os
participantes devem aguardar até às 18h30 – 30 minutos antes do encerramento do
exame.

O certame é realizado em dois
dias de aplicação. São quatro provas objetivas, com 180 questões, sendo 45 de
cada área do conhecimento. O segundo dia de provas ocorrerá no próximo domingo,
20 de novembro, com aplicação das provas de ciências da natureza e suas
tecnologias, e matemática e suas tecnologias.

“Sem grandes surpresas”

Este ano, uma das questões citou
a skatista Rayssa Leal, conhecida como “fadinha” do skate, e fez uma reflexão
sobre a participação das mulheres no esporte. Outra pergunta foi sobre a
importância do cantor Chico Science, do movimento Manguebeat, na valorização da
cultura pernambucana.

Também houve questão acerca das
regras vigentes do Estado Democrático de Direito – e tinha como resposta
correta o item que apontava como violação o não reconhecimento do resultado das
eleições.

Os candidatos também precisaram
demonstrar conhecimento sobre obras literárias como As Veias Abertas da América
Latina (1971), do jornalista Eduardo Galeano; Comédias para se ler na escola,
de Luis Fernando Veríssimo; e a música “Pensei que fosse o céu”, do compositor
Vander Lee.

Milena dos Passos Lima,
coordenadora do Ensino Médio do Sistema Positivo de Ensino, afirma que as
temáticas abordadas este ano não foram grandes novidades, em comparação aos
anos anteriores.

“O banco de questões deste ano
era novo, então esperávamos temas como a pandemia de Covid-19, por exemplo,
muito presentes na prova, o que não aconteceu. A Semana de 1922, que completou
seu primeiro centenário este ano, também não apareceu entre os conteúdos, assim
como outras que pensamos que poderiam ser cobradas, visto que estão completando ‘aniversário'”, comenta a especialista.

Lima adiciona, contudo, que houve
uma presença forte de “textos e temas atuais, entre eles o papel da mulher, a
questão do feminicídio e os perigos do uso constante do celular e da internet”,
completou.

Redação sobre povos originários

“Desafios para a valorização de
comunidades e povos tradicionais no Brasil” é o tema da redação do Exame
Nacional do Ensino Médio (Enem) deste domingo (13/11). O teste ocorre após duas
edições marcadas por crises, recordes de abstenções, problemas de logística e
prejuízos na aprendizagem devido à pandemia de Covid-19.

Em nota, o Instituto Nacional de
Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira (Inep), responsável pelo
certame, informou que o texto deve ser dissertativo-argumentativo, contendo até
30 linhas. As notas, segundo o instituto, serão atribuídas a partir de cinco
competências.

“As redações são avaliadas de
acordo com cinco competências. A nota pode chegar a 1.000 pontos. Por outro
lado, há critérios que conferem nota zero, como fuga ao tema, extensão total de
até sete linhas, trecho deliberadamente desconectado do tema proposto, não
obediência à estrutura dissertativo-argumentativa e desrespeito à seriedade do
exame”, pontuou o comunicado.

Os portões foram abertos ao
meio-dia, e foram fechados às 13h para o início das provas, 30 minutos depois.
O certame durará até às 19h.

De acordo com o Inep, 3.396.632 estudantes
estão inscritos no exame – o segundo menor índice em 17 anos. Do total, 3,3
milhões realizarão a versão impressa da prova. As demais 65 mil inscrições
correspondem a estudantes que farão o Enem digital.

Desde 2017, o exame é aplicado em
dois domingos diferentes – até então, a prova ocorria em apenas um final de
semana, aplicada no sábado e no domingo. Neste ano, o segundo teste está
previsto para 20/11.

Representatividade

Para Milena dos Passos Lima,
coordenadora do Ensino Médio do Sistema Positivo de Ensino, esse é um dos temas
que costumam ser abordados em materiais didáticos e nas salas de aula devido à
sua importância para a preservação da história e da memória brasileiras.

“Tivemos uma boa surpresa com o
tema, porque ele representa muito das nossas raízes. Os conflitos territoriais
indígenas estão cada vez mais acirrados e a covid também afetou muitas
comunidades indígenas. É um tema muito atual”, ressalta.

Já a assessora de Geografia do
Sistema Positivo de Ensino, Rafaela Pacheco Dalbem, o tema deste ano está
alinhado com o que costuma ser pedido no exame.

“Se analisarmos a lista de
assuntos dos últimos anos, podemos perceber que a maior parte deles está relacionada
às Ciências Humanas. Então faz sentido, do ponto de vista da proposta do Enem,
falar sobre os povos e comunidades tradicionais do Brasil. Esse é um assunto
que diz respeito a todos nós, enquanto nação”, destaca.

Atendimento especializado

Dos quase 3,4 milhões de
candidatos que realizam o primeiro dia de provas do Exame Nacional do Ensino
Médio (Enem) 2022, 35.974 participantes contarão com atendimento especializado
para o teste. A opção é destinada a pessoas que se enquadram em alguma das
condições que dão direito a recursos de acessibilidade para realizar as provas.

Segundo dados do Inep, os
participantes com maior número de solicitações este ano são os que possuem
déficit de atenção, o equivalente a 10.481 candidatos. Em seguida, estão os
5.570 inscritos com baixa visão e os 4.573 deficientes físicos. (Ana Flávia
Castro, Jéssica Ribeiro, Mariana Costa – Metropoles).

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