A equipe de transição do Governo de Luís Inácio Lula da Silva
(PT) está construindo um acordo com a base aliada ao presidente Bolsonaro (PL)
para aprovar, o mais rápido possível, o texto da Projeto de Emenda
Constitucional (PEC) da Transição, que visa colocar o Auxílio Brasil fora do
teto de gastos.
O deputado federal Marcelo Nilo (Republicanos) concedeu
entrevista exclusiva ao Conectado News, a primeira após o resultado negativo do
seu grupo nas eleições 2022, e detalhou como estão as negociações para a
aprovação da PEC, sua perspectiva para o futuro e lições aprendidas nas últimas
eleições.
“Estamos no fim do ano, ano de copa do mundo e de
eleição, as eleições passaram, agora estamos concentrados em dar uma atenção ao
Congresso Nacional, estamos analisando a PEC (Projeto de Emenda à Constituição)
que foi enviado pelo grupo de transição do futuro presidente da República Luiz
Inácio Lula da Silva (PT), será analisada, mas não daremos um cheque em branco,
faremos a análise e ajudaremos os mais necessitados”.
CN – Qual o entrave para aprovação da PEC?
Marcelo Nilo – O governo Lula quer um cheque em branco, gerir
por 4 anos os recursos do orçamento, vamos liberar 1 ano para resolver o
problema do Auxílio Brasil que ele prometeu na campanha R$ 600 reais e não tem
orçamento e essa PEC é para que seja remanejado o valor complementar do Auxílio
Brasil.
CN – Esse problema existiria, caso Bolsonaro tivesse sido o
vencedor das eleições?
Marcelo Nilo – Sou uma pessoa prática, o Bolsonaro deixará de
ser presidente a partir do dia 31 de dezembro, não adianta pensar, “se fosse
Bolsonaro”, o povo escolheu Lula. A análise tem que ser feita no fato de que
Lula prometeu sem ter verba no orçamento e agora está mandando uma PEC e
pedindo aos deputados que dê um cheque em branco para que possa cumprir o
compromisso de campanha. A tendência é que o Congresso dê um ano, e durante o
ano procure um meio de viabilizar o Auxílio Brasil pelos 04 anos em que ele
será presidente da República.
CN – Qual a lição aprendida nas eleições tanto estaduais
quanto federais?
Marcelo Nilo – Em nível federal, o Brasil está dividido, o
Nordeste, em grande parte, a maioria esmagadora com Lula, e as outras regiões
do Brasil praticamente contra Lula, ele ganhou só no Nordeste, Tocantins e no
norte de Minas, quanto mais pobre o
povo, apoia Lula, no Rio Grande do Sul, São Paulo Rio de Janeiro, Brasília,
Goiás, Santa Catarina, Paraná, Mato Grosso, não querem o Lula, mas a maioria
por 1,5% por cento decidiu que o presidente será Lula e temos que aceitar a decisão do povo, afinal
de contas vivemos em um regime democrático, compreendo e entendo as
movimentações que existem no Brasil, mas o povo decidiu e devemos aceitar, as
regras foram colocados e Lula venceu as eleições. Quanto ao Estado, acreditava
que ACM Neto (UB) era imbatível, mas Neto perdeu para o Lula, para o 13, se
fizer uma pesquisa hoje os baianos em sua maioria ainda não conhecem quem é o
governador eleito, o Jerônimo Rodrigues (PT), ele se escondeu da televisão,
colocou o 13, o Lula e uma grande parte do povo baiano votou pensando em Lula,
por isso Neto perdeu as eleições, mas penso que isso é coisa do passado,
perdemos e temos que torcer para que o governo dê certo, vamos para a oposição
e aguardaremos 4 anos, política é igual a Copa do Mundo, em 04 a 04 anos. O
Brasil tomou 7 X 1, esperou quatro anos para dar o troco, perdeu para a
Bélgica, e foi desclassificada na última Copa, Brasil joga novamente na
quinta-feira, eleição e Copa do Mundo cada uma com a sua história, espero
realmente que daqui a 04 anos as coisas se modifiquem.
CN – Na sua opinião, onde ACM Neto errou?
Marcelo Nilo – Responderei com muita clareza: ACM Neto não
errou, acertou em tudo, essa foi uma decisão do povo, temos que respeitar,
perdemos para o Lula, para a força do 13, não para Jerônimo, foi feita a
vontade do povo e temos que aceitar, isso de erro de A ou de B isso não tem
mais sentido, perdemos as eleições e vamos lutar para que daqui há 04 anos
possamos ganhar as eleições na Bahia.
CN – Existe possibilidade de o Sr. retornar ao antigo grupo?
Marcelo Nilo ? Não, vivo de presente e de futuro, meu
presente e meu futuro é ao lado de ACM Neto, não tem por que voltar, não há
motivo para isso, sai, não me arrependo, fiz tudo certo, deu tudo errado,
paciência.
CN – Quais os planos após o fim do mandato?
Marcelo Nilo – O cidadão Marcelo Nilo continuará fazendo
política mesmo sem mandato, acredito que se pode fazer política como militante
partidário, em oposição ao atual governo do estado e federal.
CN – Há ressentimento ou arrependimento de ter saído do grupo
do governo?
Marcelo Nilo – Não tenho arrependimento algum, fiz e faria
tudo novamente, infelizmente, fiz tudo certo e deu tudo errado, política é
assim, em 1986 saímos da base do governo para apoiar Waldir Pires, deu tudo
certo, ganhou, agora sai com a cabeça erguida, estou convencido que fiz o
certo, o governo não tinha mais espaço para mim, estava sendo escanteado, sai
para uma nova missão, infelizmente não me reelegi, respeito a decisão do povo,
dizia que enquanto o povo não cansar de mim serei deputado, se o povo cansou,
paciência, devemos respeitar a decisão do povo.
CN – Pretende se candidatar à Prefeitura de Salvador daqui há
dois anos?
Marcelo Nilo – Meu candidato em Salvador será Bruno Reis
(UB), estou pensando em ficar quatro anos sem mandato e continuar fazendo
política, aquilo que sei fazer, venci oito eleições, perdi uma, paciência, faz
parte do jogo democrático. (Hely Beltrão/Conectado News).
Foto: Agencia Câmara dos Deputados