Cunha: [A gente finge que está (no governo). E eles também]

O presidente da Câmara, Eduardo Cunha (PMDB-RJ), fez duras
críticas ao governo e à relação da presidenta Dilma Rousseff com o Congresso.
Na avaliação dele, Dilma [não conhece o Congresso], se cerca de pessoas fracas,
passa a sensação de [paralisia] e de quem não tem o que propor ao país e mais:
contribuiu decisivamente para o agravamento da crise política ao incentivar a
criação de um partido para rivalizar com o PMDB e ao [implodir] a sua base de
sustentação no Parlamento.

Em entrevista ao jornal O Globo, Cunha resumiu assim a
relação de seu partido com o Planalto: [Na prática, a gente finge que está lá
(no governo). E eles fingem também (que o PMDB está no governo).] Segundo ele,
o PMDB nunca teve ministério relevante. [Ninguém quer. Para quê? Você acaba
apadrinhando, tem que ser tudo técnico, né? Só que é ladrão técnico, não é
ladrão político], disparou. [Para ficar livre do cara, você diz que apoia. E os
caras são ladrões, que querem ter apoio para roubar], emendou.

Eduardo Cunha negou que ele e o presidente do Senado, Renan
Calheiros (PMDB-AL), estejam governando, de fato, o país com o enfraquecimento
político de Dilma. ?Quem tem a caneta? É ela. Quem edita medidas provisórias? É
ela. Quem libera o Orçamento? É ela. Quem nomeia e indica a cargo? É ela.
Então, é ela quem governa?, afirmou.

Para o presidente da Câmara, a petista comete uma série de equívocos,
que vão da [inércia de comunicação] à falta de habilidade para formar equipe. [Dilma
saiu da máquina. É a primeira presidente da República que não foi parlamentar.
Ela não conhece o Congresso], disse.

O peemedebista criticou diretamente os ministros Pepe Vargas
(Relações Institucionais) e Miguel Rossetto (Secretaria-Geral da Presidência),
considerados por ele sem estatura para a coordenação política, e Ricardo
Berzoini (Comunicações), apontado pelo deputado como [patrocinador] da [radicalização
dos atos políticos].

Na avaliação do peemedebista, a crise política começou no
dia da eleição de Dilma. [Ela não disse o que ia fazer com o país. Isso foi
gerando a crise política. Ficou claro e nítido que eles estavam fazendo uma opção
de enfraquecer a todos nós], declarou aos repórteres Maria Lima, Júnia Gama e
Sérgio Fadul.

[Ela tinha a estrutura e não precisava implodi-la]. Cunha
chamou de [operação Tabajara] a tentativa de recriação do PL pelo ministro das
Cidades, Gilberto Kassab (PSD), para formar uma bancada que se contrapusesse,
dentro da base aliada, ao PMDB. De acordo com Eduardo Cunha, a estratégia foi
fomentada pelo Planalto e tinha alvo certo: [Foi contra a gente mesmo, contra o
PMDB].

O presidente da Câmara disse ainda que a independência do
PMDB na Câmara foi motivada pelas dificuldades de relacionamento com o PT no
período eleitoral. Na época, peemedebistas acusaram petistas de não abrirem mão
de candidaturas em favor do PMDB nos estados e se aliarem com adversários
regionais do partido.

Cunha se recusou a responder se sonhava um dia ocupar o
Palácio do Planalto, ainda que interinamente, e disse não ser [anjo] nem
[demônio], mas [coerente] com aquilo que fala.

A respeito das investigações da Operação Lava Jato, o
peemedebista classificou o esquema apontado pela Polícia Federal e pelo Ministério
Público Federal como [o maior escândalo de corrupção do mundo], negou
interferir no andamento da CPI da Petrobras e reiterou que houve interferência
do governo na inclusão de seu nome na lista dos políticos investigados. E
voltou a direcionar seus ataques ao procurador-geral da República, Rodrigo
Janot, com quem diz estar em [guerra aberta]. (Congresso em Foco)