Os últimos acontecimentos em torno do reajuste da verba de
gabinete da Assembleia Legislativa, a ser aprovado na sessão de terça-feira
(31), prenunciam um novo embate entre o governador Rui Costa e o presidente da
Casa, Marcelo Nilo, até com data marcada para um desfecho: agosto.
Verba correspondente foi reajustada este ano na Câmara dos
Deputados, permitindo aos parlamentares estaduais beneficiar-se com o mesmo
índice. Ocorre que não havia previsão orçamentária, e assim Nilo disse que
solicitaria uma suplementação, mas acabou concedendo o aumento mesmo com a
recusa de Rui de liberar os recursos.
Vale esclarecer os principais dados numéricos da questão.
Cada um dos 63 gabinetes tem até o dia de hoje a verba de R$ 78 mil mensais
para que o parlamentar preencha livremente de dez a 30 cargos. Ao passar para
R$ 92 mil esse total, a Assembleia acrescenta cerca de R$ 11 milhões ao
orçamento anual.
A imprensa registrou largamente ontem e hoje a divergência
entre deputado e governador, e a situação teve uma espécie de debate pela
manhã, na Rádio Metrópole, onde o apresentador Mário Kertész inquiriu os
contendores por telefone.
Primeiro foi Nilo, que informou ter concedido o reajuste
como fruto de um [acordo de cavalheiros] com os deputados na expectativa de que
haja a suplementação até agosto, não se sabe se também na esperança de que o
Estado, até lá, tenha recuperado a capacidade de arrecadação.
Se o governo se mantiver inflexível, a Assembleia, segundo o
deputado, vai tirar recursos de outras despesas e os próprios parlamentares,
que têm em seus gabinetes autonomia para isto, farão um remanejamento para
assegurar o aumento dos servidores. [Não se trata de dinheiro para os
deputados, mas para os servidores, que não têm aumento há quatro anos].
Minutos depois, o governador Rui Costa ligou para a emissora
e nem mesmo quis citar o nome do aliado Marcelo Nilo. [Não sei como alguém fala
em suplementação num quadro de crise],
argumentou, acrescentando que não tem [aquela maquininha de imprimir dinheiro
que o governo federal tem na Casa da Moeda e não usa porque causa inflação].
O governador afirmou que a receita estadual no primeiro
trimestre foi inferior à de igual período do ano passado e que está [vendo com o
secretário da Fazenda] uma fórmula de organizar as finanças, dando ar de
gravidade à situação: [O que eu não quero é atrasar o salário dos servidores. (Blog
Por Escrito)
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