Melanoma será o segundo tipo de câncer mais prevalente até 2040

Até 2040, o câncer de pele do
tipo melanoma será o segundo mais prevalente, com 219 mil novos casos por ano,
atrás apenas do câncer de mama, com 364 mil. O estudo publicado na revista
médica Jama Network Open apresenta uma projeção para os Estados Unidos, mas
reflete uma tendência global, justificada pelo envelhecimento da população,
maior exposição solar e hábitos de vida não saudáveis.

Apesar desse cenário e da alta
incidência também no Brasil, a prevenção, o diagnóstico precoce e a cirurgia
são contrapontos para o tratamento curativo do melanoma, que pode chegar a 95%
dos casos, como pontua o oncologista Iuri Santana, da Clínica AMO, que chama a
atenção para a importância do estudo da Jama. Mais agressivo e com maior
letalidade, o melanoma representa 3% dos casos de câncer no país. Já o câncer
de pele não melanoma é o mais frequente no país e corresponde a 30% de todos os
tumores malignos. Juntos, os dois tipos deverão somar 249.470 novos casos este
ano, segundo o Instituto Nacional do Câncer (Inca).

Dos novos registros, 220.490
serão do tipo não melanoma, com 2.630 mortes, e 8.980 melanoma, com 1.923
mortes. “A incidência vem aumentando progressivamente e o tratamento inicial é
curativo na maioria dos casos. Para isso, é fundamental a atuação do time
multidisciplinar, envolvendo profissionais da dermatologia, cirurgia oncológica
e oncologia clínica, trabalhando em sintonia”, afirma Iuri Santana,
acrescentando que a cirurgia é utilizada na maioria dos casos e pode ser
combinada com recursos como a quimio e a radioterapia.

Com relação às novidades, o
oncologista diz que “o tratamento das doenças avançadas e metastáticas foi
revolucionado na última década com a imunoterapia, que surge como uma luz no
fim do túnel”. A imunoterapia é um tipo de tratamento que visa combater o
avanço da doença pela ativação do próprio sistema imunológico do paciente. Com
o uso de medicamentos, a ideia é que o organismo elimine a doença de forma mais
eficiente e com menos toxicidade.

Proteção x pele negra

O oncologista reforça a
importância da proteção para todos os tipos de pele e salienta que a população
negra não está isenta de risco, sobretudo por conta do melanoma acral, subtipo
com características próprias que ocorre nas regiões plantares, palmares e
subungueais, sendo mais frequente em pessoas de fototipos mais altos, como africanos,
orientais e latino-americanos.

Como explica o médico, apesar do
comportamento indolente, o melanoma acral apresenta prognóstico ruim, sobretudo
pelo diagnóstico tardio. O tratamento baseia-se na retirada cirúrgica do tumor,
o que, em alguns casos, leva a uma difícil reconstrução da região afetada.

Diante da progressiva incidência
do câncer de pele, especialistas reforçam a necessidade de atenção a qualquer
modificação, como manchas que coçam, ardem, descamam ou sangram, assim como
feridas que não cicatrizam em quatro semanas. Todos esses sinais, que
normalmente surgem no rosto, pescoço e orelhas, devem ser avaliados por um
dermatologista, que observa também lesões em áreas menos visíveis, como as
costas e o couro cabeludo. Aparelho utilizado nas avaliações, o dermatoscópio
permite visualização de camadas da pele não vistas a olho nu.

Dicas para evitar o câncer de
pele:

 
Em qualquer idade, a exposição ao sol deve ser controlada e evitada;

 
Recomenda-se o uso correto de bloqueadores, com proteção UVB e UVA, com
FPS mínimo de 30;

 
É indicado o uso de barreiras físicas, como camisas, viseiras ou bonés
com FPU (fator de proteção ultravioleta);

 
Deve-se evitar exposição ao sol nos horários entre 10h e 16h, quando a
radiação é mais intensa;

 
Mesmo em dias nublados, a proteção é necessária;

 
O uso de câmaras de bronzeamento artificial (proibidas no Brasil desde
2009) aumenta riscos para a doença.

Texto e foto: Ascom