Após semanas de intensa discussão entre os parlamentares e
negociações com o Ministério da Fazenda, o Plenário do Senado aprovou nesta
terça-feira (7) a convalidação dos incentivos fiscais concedidos por estados a
empresas. Foram 63 votos favoráveis, 7 contrários e 1 abstenção. Duas emendas
apresentadas em Plenário foram incorporadas ao texto, que agora vai para a
Câmara dos Deputados.
O PLS 130/2014, da senadora Lúcia Vânia (PSDB-GO), torna
válidos os benefícios fiscais (em geral relacionados ao ICMS) que os estados
oferecem a empresas para que elas se instalem em seus territórios, gerando
empregos e renda e promovendo crescimento econômico.
Para conceder os benefícios, é necessário obter concordância
unânime dos demais estados no Conselho Nacional de Política Fazendária
(Confaz). Ao longo dos anos, muitos incentivos foram oferecidos em desacordo
com essa norma. A competição entre os estados na concessão é conhecida como
[guerra fiscal].
Conteúdo
O projeto, que já havia sido aprovado no ano passado pela Comissão
de Assuntos Econômicos (CAE), foi votado na forma de substitutivo oferecido
pelo relator, senador Luiz Henrique (PMDB-SC). Além de regularizar todos os
incentivos fiscais existentes, o texto muda as regras para a oferta de novos,
acabando com a exigência de unanimidade no Confaz. Agora é necessária a
anuência de dois terços dos estados ou de um terço dos estados de cada região.
Também são apresentadas normas que os benefícios concedidos
deverão seguir a partir da vigência das novas medidas, como condicionantes para
sua validade e prazo máximo que a concessão pode durar.
Duas emendas, de Lúcia Vânia e do senador Ricardo Ferraço
(PMDB-ES), foram aprovadas para complementar o projeto. A emenda de Ferraço
destaca os incentivos concedidos para as atividades comerciais, que poderão se
estender por até cinco anos. Na versão anterior do projeto, era permitido
apenas um ano.
Já a emenda de Lúcia Vânia anula as punições previstas em
lei para estados que concederam incentivos sem autorização do Confaz. Essas
punições serão afastadas no caso de perdão das dívidas das empresas que
recebiam os benefícios. O objetivo é evitar que as empresas tenham que pagar o
ICMS caso os incentivos que recebiam sejam considerado ilegais. O projeto
também busca evitar que o ICMS não pago aos estados de origem seja
posteriormente cobrado pelos estados de destino.
Próximos passos
O presidente da CAE, Delcídio do Amaral (PT-MS), advertiu os
colegas que é necessário não encerrar o assunto apenas na aprovação da
convalidação. Segundo ele, é preciso pensar em uma ampla reforma do ICMS
? Temos uma lição de casa grande pela frente. A reforma do
ICMS é 70 da reforma tributária. Passa pelo Senado, pelo governo federal,
pelos estados e pelo Confaz. Precisa ser uma solução negociada. A decisão não
termina na sessão de hoje ? alertou.
O senador Ronaldo Caiado (DEM-GO) mostrou-se preocupado com
o ritmo de tramitação da proposta na Câmara. Ele propôs condicionar a rápida
análise da convalidação pelos deputados à aprovação, no Senado, do novo
indexador das dívidas dos estados e municípios. Assim, acredita, será possível
garantir agilidade.
? Só temos uma condição para fazer com que ela ande na
Câmara: vincularmos a aprovação à votação aqui da renegociação da dívida. Do
contrário, vamos aprovar aqui a convalidação, ela chegaria na Câmara, não teria
continuidade, e nossos estados [ficariam] sem capacidade de poder reagir ?
questionou.
Abstenção
A única abstenção registrada na votação foi a do próprio
relator do projeto, Luiz Henrique. Ele informou que realizou uma reunião com o
Confaz, há cerca de um mês, em seu gabinete. Nela, os integrantes do conselho
lhe pediram que uma eventual decisão do Senado aguardasse até o dia 11, quando
os secretários de fazenda dos estados tentarão um consenso sobre o tema.
Como a votação no Senado ocorreu antes, disse o senador, seu
voto de abstenção seria uma forma de honrar o acordo com o Confaz.
? Embora relator original da matéria que chegou ao Senado, o
meu voto será de abstenção. É o voto de cumprimento da minha palavra ?
justificou.
Agência Senado