O presidente Luiz Inácio Lula da Silva deixou claro para seu
ministério, na reunião realizada ontem, no Palácio do Planalto, que no seu
governo não terá espaço nem condescendência com o erro. Conforme enfatizou,
“quem fizer errado” será demitido e responderá na Justiça.
“Todo mundo sabe da nossa responsabilidade. Todo mundo
sabe que a nossa obrigação é fazer as coisas corretas, é fazer as coisas da
melhor forma possível. Quem fizer errado, sabe que tem só um jeito: a pessoa
será, simplesmente, da forma mais educada possível, convidada a deixar o
governo. E se cometeu algo grave, terá que se colocar diante das investigações
e da própria justiça”, anunciou.
O aviso veio depois da descoberta de que a ministra do
Turismo, Daniela Carneiro (União Brasil), mantém contato político com ao menos
três acusados de chefiar milícias no seu berço eleitoral, Belford Roxo, na
Baixada Fluminense (RJ). Mas ela não é a única com problemas na trajetória na
vida pública: o titular da Integração e Desenvolvimento Regional, Waldez Góes,
também indicado pelo União Brasil, foi condenado pelo Superior Tribunal de
Justiça (STJ) a seis anos de prisão por peculato. A Transparência Internacional
lamentou a colocação do ex-governador do Amapá no primeiro escalão do governo,
afirmando que “a nomeação de um ministro condenado à prisão destoa desses
bons quadros e acende todos os alertas”.
Lula, porém, amenizou o discurso em seguida, afirmando que
não deixará ninguém no “meio da estrada” e que apoiará os ministros
nos “momentos bons e ruins”. E acrescentou que entre os integrantes
do principal escalão do governo, há técnicos e políticos competentes.
“Estejam certos de que vocês terão em mim, se possível,
um irmão mais velho, se possível um pai. Tratarei vocês como uma mãe trata os
filhos: com muito respeito e educação e exigindo muito trabalho de cada um de
vocês”, avisou.
Pluralidade
Mais uma vez, Lula destacou a tarefa “árdua e
nobre” na reconstrução do país. Pediu, ainda, o fim de brigas familiares
relacionadas à polarização política, fruto do que chamou de “ódio colocado
em prática no país”. O presidente se disse aberto a divergências, destacando
a pluralidade de seu governo.
“Nós não somos um governo de um pensamento único, de
apenas pessoas iguais. Somos um governo de pessoas diferentes. E mesmo pensando
diferente, temos que fazer um esforço para que, na construção do processo de
reconstrução do país, a gente pense igual”, salientou.
Em menção indireta a Jair Bolsonaro, Lula analisou o período
eleitoral e lamentou o uso da máquina pública pelo o ex-presidente, que
utilizou recursos pouco republicanos na tentativa de obter a reeleição. Ele
caracterizou o governo anterior como “autoritário” e destacou as
cerca de 694 mil mortes por covid-19, vítimas do “desleixo, desrespeito e
ignorância”.
No discurso que fez logo no começo da reunião, Lula
aproveitou para acenar ao agronegócio, setor que no qual há bolsões que se
recusam a aceitar a volta do petista à Presidência da República. Mas o
presidente equilibrou o comentário ao enfatizar o respeito ao Meio Ambiente,
observando que o empresário que produzir de forma responsável será
“respeitado e bem tratado”. E alertou: os que insistirem em
transgredir as leis, serão responsabilizados.
“Aqueles que quiserem teimar e continuar desrespeitando
a lei, invadindo o que não pode ser invadido, usando agrotóxico que não pode
ser usado… esse, a força da lei imperará e vamos exigir que seja cumprida,
porque neste país tudo vale. A única coisa que não vale é o cidadão bandido
achar que pode desrespeitar a boa vontade da sociedade brasileira, a nossa
Constituição e a nossa legislação”, afirmou.
Gonçalves ? Correio Brasiliense).
Foto: Ed
Alves/CB