Endometriose: qual a relação com menos filhos e gravidez tardia?

Uma das causas mais comuns de dor
pélvica e infertilidade, a endometriose acomete uma em cada 10 mulheres no
Brasil, 57% das pacientes têm dor crônica e mais de 30% dos casos levam à
infertilidade. Os dados são da Sociedade Brasileira de Endometriose.
Caracterizada pela presença de tecido endometrial fora do útero, a doença afeta
globalmente 10% das mulheres em idade reprodutiva (190 milhões), segundo a
Organização Mundial da Saúde (OMS). Menor número de filhos e gravidez tardia
estão associados a uma maior incidência da doença.

Por ser dependente de estrogênio,
a endometriose é mais frequente na fase reprodutiva, em mulheres que não têm ou
têm poucos filhos e aquelas que não usam anticoncepcional, como pontua a
ginecologista Renata Britto, da Clínica AMO, no Março Amarelo, mês dedicado à
conscientização sobre a endometriose. Apesar de tipicamente localizadas na
pelve, as lesões podem ocorrer em vários locais, incluindo órgãos como
intestino e bexiga.

“Com hipóteses diversas para as
causas e sintomas que podem variar de mínimos a severamente debilitantes,
privando a mulher de sua rotina, a doença provoca inflamação crônica nos pontos
em que se manifesta, levando a uma menstruação dolorosa, dor na relação sexual
e ao urinar e sangue na urina, por exemplo, podendo haver também diarréia ou
constipação”, observa a especialista da AMO, que pertence à DASA, maior rede de
saúde integrada do país.

“Os anticoncepcionais hormonais –
pílula, medicação injetável – são fatores de proteção porque evitam a ovulação,
período de maior produção dos estrogênios no corpo da mulher”, explica Renata
Britto. A médica acrescenta que múltiplas gestações, amamentação prolongada,
primeira menstruação tardia (após os 14 anos de idade) e uso de contraceptivos
hormonais também ajudam na proteção.

Risco x diagnóstico x tratamento

Entre outros fatores de risco, a
ginecologista também cita histórico familiar, exposição prolongada ao
estrogênio endógeno provocada pela primeira menstruação precoce, antes dos 11 a
13 anos, ou menopausa tardia, ciclos menstruais mais curtos (menos
 
27 dias), sangramento
menstrual intenso, obstrução do fluxo menstrual por malformações do útero e/ou
vagina.

O diagnóstico da endometriose
pode ser feito na consulta médica, através da anamnese e exame ginecológico,
por exames de imagem, como ultrassonografia, ressonância da pelve ou até mesmo
uma laparoscopia. “O atraso na detecção retarda o acesso aos métodos de
tratamento disponíveis”, alerta a médica.

A maioria dos tratamentos para
endometriose busca interromper a progressão da doença com alívio dos sintomas. “O tratamento pode ser feito à base de antiinflamatórios, contraceptivos
hormonais e também por cirurgia laparoscópica e robótica. Para pacientes
inférteis, pode envolver a reprodução assistida (fertilização in vitro)”,
enumera a ginecologista Renata Britto. (Ascom).

Foto: Divulgação/Ascom