Por que o câncer está cada vez mais presente entre os jovens?

Pesquisas contrariam relação
entre câncer e idade avançada e a doença tem sido diagnosticada com mais
frequência em pacientes abaixo dos 50 anos ou menos; maior número de mortes
precoces também é apontado em estudos

Em qualquer idade, o diagnóstico
de câncer é carregado de sofrimento, dor e ideia de finitude. E, quando isso
ocorre em pacientes mais jovens, o impacto é ainda maior, contrariando as
expectativas do diagnóstico mais comum associado ao avanço da idade. Larisse
Brito, 38 anos, passou por essa experiência quando, há três anos, foi
diagnosticada com câncer colorretal.

Depois de vivenciar as difíceis
fases entre diagnóstico e tratamento, a corretora venceu a doença e, diante do
Dia Mundial de Combate ao Câncer (8 de abril), revela sua história para que
diagnósticos como o dela possam trazer menos dor, menos sofrimento e mais
confiança. O caso dessa soteropolitana valente ilustra pesquisas recentes que
apontam maior incidência de câncer abaixo dos 50 anos, em diversas partes do
mundo, mas serve de força e inspiração para o enfrentamento do câncer.

Recentemente, o câncer colorretal
também foi diagnosticado e anunciado pelas cantoras Simony (46 anos) e Preta
Gil (48 anos), o que deixa o assunto em pauta, como ilustra a oncologista
Vanessa Dybal, da Clínica AMO. Esses dois casos vão ao encontro das estimativas
do Instituto Nacional do Câncer (Inca) de que o câncer de cólon e reto deve ter
46 mil novos registros por ano no Brasil no triênio 2023-2025. O Inca estima também
que o número de mortes precoces pela doença no país cresça 10% entre 2026 e
2030 quando comparado a 2011 e 2015.

Segundo a Organização Mundial de
Saúde (OMS), que compara dados de 2012 e 2020, há mesmo uma tendência de
epidemia de câncer em jovens e os diagnósticos dos tumores de mama, tireoide,
endométrio, próstata, colorretal, rim e outros revelam aumento significativo na
faixa etária entre 20 e 49 anos.

Artigo publicado na revista
Lancet Oncology avaliou o impacto e a incidência de câncer em jovens, numa
faixa etária ainda menor: de 15 a 39 anos. Neste público, são mais de 1,2
milhão de novos casos por ano, responsáveis por cerca de 400 mil óbitos anuais
em todo o mundo. Até 29 anos, as principais causas de morte por neoplasias são
leucemias, tumores do sistema nervoso central e linfomas, em ambos os sexos.

Desafio e fatores de risco

A explicação para essa crescente
incidência ainda é um desafio para os pesquisadores, mas a oncologista Vanessa
Dybal reforça a relação entre câncer e fatores de risco como o tabagismo,
obesidade, sedentarismo, álcool em excesso, exposição ao sol sem proteção e
alimentação pobre em fibras e rica em ultraprocessados, entre outros.

“É preciso estar atento a
qualquer modificação no corpo e buscar orientação médica. Manchas que crescem
na pele, mudam de cor ou sangram; cansaço excessivo; nódulos em crescimento,
alterações persistente do hábito intestinal, e perda significativa de peso sem
motivo aparente dão pistas de que algo não vai bem e merece investigação”,
explica a oncologista da Clínica AMO, que integra a Dasa, maior rede de saúde
integrada do país.

No contraponto do impacto da
notícia da descoberta da doença, a oncologista Vanessa Dybal reforça que o
diagnóstico precoce pode elevar para mais de 90% as chances de cura em alguns
tipos de tumores. “Além disso, fazem a diferença os novos tratamentos, cada vez
mais individualizados, aliados ao acolhimento feito por uma equipe
multidisciplinar e preparada para fazer a navegação do paciente durante todas
as etapas do combate ao câncer”, completa a médica.

E, para a paciente Larisse Brito,
o primeiro passo é aceitar a doença, seguir em frente, ir à luta. Esbanjando
força e coragem, ela diz que a “sentença de morte”, como algumas pessoas
enxergam o diagnóstico do câncer, deve ser vista como uma “certidão de
nascimento porque você passa cuidar de si de uma forma melhor, mais cuidadosa,
com mais qualidade”. (Ascom).

Foto: Divulgação/Ascom