Lira tem encontro com Dino em dia de operação da PF, e aliados veem retaliação do governo

O presidente da Câmara Federal, Arthur Lira (PP-AL), conversou nesta quinta-feira (1º) com o ministro da Justiça e Segurança, Flávio Dino (PSB), sobre a operação da Polícia Federal que atingiu pessoas ligadas ao deputado.

Segundo relatos, Lira queria saber a circunstância da deflagração da operação da PF e se havia relação com os acontecimentos políticos em que endureceu contra a gestão petista, condicionando para aprovação de projetos importantes a liberação de emendas parlamentares, a sinalização de liberação de cargos e até possíveis mudanças em ministérios, além de prometer alterar a relação institucional com o Parlamento.

Diante desse cenário, Lira quase impôs a maior derrota do Planalto até o momento, ao levar até praticamente a última hora a votação da MP que reestruturou a Esplanada dos Ministérios.

Mas, de acordo com pessoas informadas sobre a conversa, Dino disse ao deputado que não tem ingerência nas investigações e que não foi comunicado de sua existência com antecedência.

O encontro entre os dois foi revelado pelo portal Metrópoles e confirmado pela Folha.

Líderes partidários que fazem parte do grupo político de Lira viram na coincidência de datas da operação e da votação, na Câmara, de uma MP (medida provisória) vital para Lula uma forma de o governo atingir o deputado através da Polícia Federal.

Integrantes do governo também negam que a operação seja qualquer forma de retaliação, lembrando que a ação da PF teve que ser adiada porque investigados estavam no exterior.

A operação deflagrada nesta quinta estava prevista para 23 de maio, mas precisou ser suspensa porque dois dos alvos estavam em Miami, nos Estados Unidos, entre os dias 16 e 28 do mês passado. Foi retomada com o retorno dos investigados ao Brasil.

A PF cumpriu na manhã de ontem mandados de prisão e de busca e apreensão em uma investigação sobre desvios em contratos para a compra de kits de robótica com dinheiro do FNDE (Fundo Nacional de Desenvolvimento da Educação).

A apuração iniciou-se com uma reportagem da Folha publicada em abril do ano passado sobre as aquisições em municípios de Alagoas, todas assinadas com uma mesma empresa pertencente a aliados de Lira. (bahia.ba).

Foto: Fabio Rodrigues Pozzebom/Agencia Brasil