Deputado federal até o ano passado, quando recebia R$ 26,7
mil mensais, João Luiz Argôlo (SDD-BA) não tem um centavo sequer em suas contas
bancárias, conforme revelou o bloqueio de bens do sistema Bacenjud, do Banco
Central, realizado por determinação do juiz Sérgio Moro, responsável pelas
ações da Lava Jato. Até sua secretária Elia Santos da Hora possui mais dinheiro
que ele em suas contas bancárias, com R$ 2,2 mil segundo relatório do Bacenjud.
A iniciativa do magistrado busca rastrear os bens dos investigados
para apurar se eles não se desfizeram de patrimônio no decorrer das
investigações. Ao todo, foi decretado o bloqueio de R$ 40 milhões dos
ex-deputados Pedro Corrêa (PP-PE) e Luiz Argôlo. A medida abrange de 1 de
janeiro a 17 de abril de 2015.
Preso na 11ª etapa da operação, no dia 10 de abril, Argôlo é
investigado por seu envolvimento com o doleiro Alberto Youssef, de quem recebeu
ao menos R$ 1,2 milhão por meio de notas frias. Além disso, o ex-parlamentar
comprou um helicóptero em 2012, mas devido a dificuldades para quitar o
financiamento, Youssef admitiu à Justiça que pagou o restante da aeronave e a
emprestou para o então deputado utilizar em sua campanha em 2014.
O ex-deputado é suspeito ainda de ter adquirido a empresa
Malga Engenharia em uma sociedade com o doleiro. Na representação à Justiça,
Ministério Público Federal diz que Argôlo [efetivamente colocou seu cargo à
disposição de Alberto Youssef, podendo-se falar em uma verdadeira parceria
entre ambos]. Na relação havia [a constante solicitação de vantagens indevidas
por Luiz Argôlo, as quais eram adimplidas por Youssef em troca de uma promessa
de influência do ex-parlamentar em favor do doleiro]. Apesar disso, as contas
bancárias revelaram inclusive, que o ex-parlamentar possui menos dinheiro em
bancos que sua secretária Elia Hora, também investigada na operação e que
possui R$ 2,2 mil em suas contas bloqueadas pelo Bacenjud.
Segundo o advogado Omar Elias Geha, que defende o
ex-deputado, Argôlo [possui vários financiamentos] em bancos. [Ele não tem
dinheiro (nas contas) porque possui vários financiamentos. Uma fazenda e um
terreno que ele possui estão penhorados para quitar essas dívidas com o Youssef,
ele não tem patrimônio mais], afirma o defensor.
Ainda segundo o advogado, Argôlo sempre trabalhou ajudando
na fazenda do pai, no interior da Bahia, e não sabia quem era Youssef na época
que fez negócios com ele. Devido ao seu envolvimento com o doleiro, Argôlo foi
afastado de suas funções partidárias no Solidariedade. (AE)