O balanço auditado referente ao ano de 2014 da Petrobrás,
apresentado na última quarta-feira (22), não foi unanimidade entre os
conselheiros da companhia. Apesar de aprovado, o atual representante dos
trabalhadores no Conselho, Silvio Sinedino, votou contra o balanço, bem como o
representante dos acionistas minoritários, Mauro Cunha. Além deles, o
representante dos acionistas preferencialistas, José Monforte, se absteve de
votar a aprovação do balanço, e nesta sexta-feira (24) anunciou que está
deixando o conselho da Petrobrás.
Segundo Sinedino, números apresentados ainda podem passar
por uma retificação, sendo feitas novas baixas nos valores de seus ativos. O
conselheiro não concordou com a metodologia usada no balanço em dois pontos: o
primeiro trem da Refinaria Abreu e Lima (Rnest) não ter entrado na baixa do
imobilizado, levando em conta apenas as Unidades Geradoras de Caixa (UGCs) ? no
caso, unidades da refinaria em atividade -, bem como a responsabilidade
assumida pela Petrobrás como patrocinadora da Petros.
[O balanço da Petrobrás mantém ainda erros graves com
relação à Rnest e à Petros. Por este motivo, votei contra. Não baixar agora o
que já se tem certeza (o sobrepreço no primeiro trem da Rnest) significa que
daqui para a frente a rentabilidade da nossa UGC será sempre rebaixada em
função desse peso morto que estaremos carregando. Além disso, acredito que o
balanço da Petros não reflete a realidade, por usar premissas atuariais
inadequadas, então a responsabilidade da patrocinadora ficou subavaliada],
afirmou Sinedino.
As perdas foram calculadas com base nas delações premiadas,
separando 3 dos valores de todos os contratos vigentes entre 2004 e 2012,
totalizando R$ 6,2 bilhões. A utilização da técnica conhecida como impairment
(que compara o custo contabilizado de um ativo com o valor presente do caixa a
ser gerado por esse ativo na sua vida útil), calculou perdas em R$ 44,6
bilhões.
Sobraram críticas de Sinedino para a PricewaterhouseCoopers,
questionando a necessidade de auditorias [ditas independentes], se os
balancetes dos dois primeiros trimestres de 2014 foram aprovados e, somente
depois das denúncias da Operação Lava-Jato, passaram por uma nova avaliação,
com a adoção de uma metodologia diferente.
Apesar das perdas bilionárias, o representante dos
trabalhadores se mostrou confiante na capacidade de recuperação da Petrobrás.
Para embasar sua esperança, Sinedino citou a baixa contábil de outras grandes
petroleiras em função da desvalorização do barril de petróleo no cenário
internacional, lembrando que elas não tiveram perdas com corrupção, mas estão
com percentuais parecidos com os da estatal. Enquanto a Petrobrás apresentou
uma baixa de 6,8 em seu patrimônio, a da Total foi de 6,1 , a da Statoil de
5,7 e a da BP de 4,3 .
O balanço apresentado pela Petrobrás apontou R$ 21,587
bilhões de prejuízo no ano passado. A divisão por áreas dos R$ 6,2 bilhões
calculados como perdas em corrupção ficou: Abastecimento, R$ 3,4 bilhões;
Exploração e Produção (E&P), R$ 2 bilhões; Gás, R$ 700 milhões; outros, R$
100 milhões. As refinarias Premium causaram, ainda, uma baixa de R$ 2,8
bilhões. (Diário do Poder)
(FOTO: ESTADÃO)