O embate entre a Polícia Federal
(PF) e o Gabinete de Segurança Institucional (GSI) para chefiar a segurança
pessoal do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) continua e tem novos
capítulos.
Na terça-feira (20), o ministro
da Casa Civil, Rui Costa, anunciou que o GSI chefiará uma equipe híbrida de
segurança de Lula, retirando, assim, a competência atual da PF.
No entanto, a fala não foi bem
vista nos corredores da Secretaria Extraordinária de Segurança Presidencial
(Sesp), chefiada pelo delegado da PF Alexsander Castro, que está na Europa
acompanhando a viagem do presidente pelo continente.
“É o GSI quem vai fazer [a
segurança] e o presidente terá a liberdade de fazer e convidar quem ele
entender que deve compor, independente de ser da Polícia Federal, Militar ou
membro das Forças Armadas. Será montado modelo híbrido sob coordenação do GSI”,
disse Rui Costa a jornalistas após reunião da Frente Parlamentar do
Empreendedorismo.
A secretaria foi criada por
decreto com previsão de ser extinta no próximo dia 30, daqui a uma semana. Mas,
com a proximidade do fim, a PF passou a fazer campanha pela manutenção da pasta
com o argumento de que o modelo é adotado em outros países democráticos.
Nos últimos meses, a equipe da
secretaria ganhou mais de 200 policiais responsáveis pela segurança imediata de
Lula. Eles participaram de um curso de formação de “segurança presidencial”.
Mesmo após as falas de Rui Costa,
a PF acredita que Lula não retirará a PF da chefia da segurança imediata dele e
usa a seu favor a Lei da Reestruturação do Governo, publicada no último dia 19,
que garantiria a permanência da Sesp até o fim do governo.
O Art. 77 da Lei diz que “as
competências de que tratam os incisos VI e VIII do caput do art. 8º desta Lei
poderão ser extraordinariamente atribuídas, no todo ou em parte, a órgão
específico da estrutura da Presidência da República, conforme dispuser o
regulamento”. Segundo fontes da Secretaria ouvidas pela CNN, a MP convertida em
lei deu a possibilidade explícita de Lula manter a Sesp.
A PF também tem feito reuniões
com ministros próximos a Lula que apoiam a permanência da PF na segurança
pessoal, com o intuito de levar argumentos ao chefe do Executivo de manter a
segurança presidencial como está: PF na segurança imediata e GSI nas demais
áreas e setores. Lula deve decidir a questão na semana que vem, na volta da
Europa. (Elijonas Maiada CNN em Brasília).
Foto: Ricardo Stuckert/PR