Youssef diz que recebeu R$ 180 milhões em propinas

O doleiro Alberto Youssef, personagem central da Operação
Lava Jato, disse em depoimento na Justiça Federal no Paraná nesta quarta-feira,
29, que arrecadou em propinas sobre contratos fraudados da Petrobrás [em torno
de R$ 180 milhões]. Ele disse que [esse valor é bruto, não foi lucro dele]. |Líquido?
Em torno de uns 7 ou 8 milhões de reais que tenham ficado para mim|, declarou o
doleiro.

[A propina era sistemática], disse Youssef, ao ser
questionado por um advogado na audiência relativa aos processos criminais
contra os empreiteiros da Lava Jato que nesta quarta-feira, 29, foram
transferidos para prisão domiciliar.

As propinas giravam em torno de 1 , em média, sobre o valor
dos contratos fraudados na Petrobrás. Parte ia para partidos políticos, outra
para dirigentes da estatal petrolífera.

O mesmo advogado indagou do doleiro se a propina era paga
para ganhar licitação ou para ter benefícios durante a execução dos contratos.
[Para as duas coisas.] Youssef confirmou que certa vez viajou para o Uruguai
acompanhado de Leonardo Meirelles ? que a Polícia Federal aponta como seu
[laranja] em empresas de fachada -, e [um funcionário da Petrobrás], do qual
não citou o nome. Eles ficaram hospedados no Hotel Bourbon, em Montevidéu.
Segundo o doleiro, o motivo da viagem foi para pagar propina. (Propina) por um
aditivo que a Odebrecht recebeu por uma obra da REPAR (Refinaria do Paraná).

Youssef disse que recebia sua parte [sempre em dinheiro].
Ele afirmou que aplicava o dinheiro da corrupção [em operações lícitas].

[A Odebrecht refuta, mais uma vez, as afirmações caluniosas,
contra a empresa e seus integrantes, feitas por doleiro réu confesso em dezenas
de processos da Justiça Federal do Paraná. É lamentável assistir a uma mentira
ser reconstruída e emendada tantas vezes ao longo de vários depoimentos e
|delações|, sem que isso traga qualquer consequência para um réu confesso em
desespero para obter o perdão para seus crimes. A Odebrecht já afirmou diversas
vezes que não fez nenhum pagamento ou depósito para qualquer ex-executivo da
Petrobras ou a seus supostos intermediários. Todos os contratos de prestação de
serviços conquistados pela Odebrecht foram pautados nas normas e leis vigentes.
A empresa nunca participou de cartel, seja em contratos com a Petrobras ou com
qualquer outro cliente público ou privado. É importante ressaltar que a base de
valores praticada nos editais era determinada pela própria Petrobras e não
pelas empresas, como reconheceu recentemente, em retificação ao que afirmara em
|delações| e depoimentos anteriores, o ex-diretor da Petrobras Paulo Roberto
Costa, outro réu confesso nos mesmos processos.] (AE)

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