Legislativo lança na sexta-feira o mais novo livro de Emiliano José

A Assembleia Legislativa da Bahia
(ALBA) lança nesta sexta-feira (25), a partir das 18h, no Museu de Arte da
Bahia (Corredor da Vitória), o novo livro do escritor e jornalista baiano
Emiliano José, “Em carne viva”. A obra, lançada pelo selo ALBA Cultural,
reconstrói a história da esquerda brasileira através dos depoimentos de
personagens que enfrentaram a ditadura militar.Emiliano José – ele próprio,
militante estudantil, clandestino, preso, torturado, jornalista e professor
universitário ? resgata as memórias de seus contemporâneos. “Emiliano não
apenas se lembra das pessoas que encontrou na caminhada, mas também o contato
com elas. Ele reconstitui a história ouvindo pessoas, dando informações
complementares, enquadrando os fatos no contexto”, contou o professor Joviniano
de Carvalho Neto, no prefácio da obra.

Boa parte das histórias contidas
?Em carne viva? pode ser vista como grandes reportagens. “Escritores são
provocados por seus personagens, sejam ou não amigos, se vivos, se não, se
reais, se fictícios. Até hoje, na minha caminhada, não me aventurei à ficção.
Talvez, ou seguramente, por me considerar inapto”, explicou Emiliano, na nota
do autor que vem logo após o prefácio do livro.

O primeiro capítulo da obra, “Pedro”, é sobre o companheiro que introduziu, na adolescência, Emiliano na
militância em São Paulo. Mas, alerta Emiliano, não se trata de uma pequena
biografia. O jornalista conta, por exemplo, que para vencer a resistência de
Pedro Oliveira argumentou que o livro não se trata de uma biografia, “mas de um
esboço”.

Os outros três capítulos
seguintes são resultados de encontros que Emiliano teve na Bahia. Duas são
histórias de mulheres que conheceu na década de 1970 “e que continuam na luta”.
Segundo o escritor e jornalista, “essas pessoas têm trajetórias militantes no
conturbado período de 1968, passando pelos ásperos tempos do pós-AI-5 e
seguindo até os dias atuais”. O quarto capítulo do livro, “Zé Camilo”, segundo
o autor da obra, “pode parecer um estranho no ninho”, mas “todos caminharam em
meio a um Brasil desigual, violento, sangrento”.

Além dos depoimentos dos
personagens, o livro revela um Brasil de 50 anos atrás e resgata, por exemplo,
a influência dos setores progressistas da Igreja Católica. Outro elemento comum
aos capítulos é a permanência da violência da repressão política, não só física
como simbólica. “O objetivo declarado deste livro é reconstruir a história de
heróis do povo brasileiro”, diz Joviniano.

A base de “Em carne viva” são as
pesquisas e entrevistas. “Mas, fundamentalmente, Emiliano é um militante e
escritor que, com base na memória, nos encontros e informações, ao mesmo tempo
conta uma história e reflete sobre ela”. E acrescentou: “O estilo é coloquial,
o leitor é parte de uma roda em torno de um contador de histórias que, às
vezes, faz digressões, outra fala diretamente para ele. São textos bons de ler,
importantes resumos da história”.

Dentre os livros já publicados
por Emiliano, estão “Lamarca, o capitão da guerrilha”, “Galeria F: lembranças
do mar cinzento”, “As asas invisíveis do padre Renzo”, “O cão morde a noite”, “Waldir Pires: biografia”, “Carlos Marighella: o inimigo número um da ditadura
militar”, “Balança mas não cai: memórias do jornalismo”, dentre outros. (Agencia Alba).

Foto: Rita Tavares/Agencia Alba