O ministro Teori Zavascki, do Supremo Tribunal Federal
(STF), autorizou pedido do procurador-geral da República, Rodrigo Janot, para
que o presidente da Odebrecht, Marcelo Odebrecht, e outros executivos de
empreiteiras sejam ouvidos como parte das investigações da Operação Lava Jato.
O pedido de Janot foi solicitado no inquérito do qual a senadora Gleisi
Hoffmann (PT-PR) é alvo. A intenção é esclarecer se doações recebidas pela
campanha da petista ao Senado, em 2010, foram feitas com recursos desviados da
Petrobras.
A senadora e o seu marido, o ex-ministro das Comunicações
Paulo Bernardo, foram ouvidos pela Polícia Federal e por procuradores em meados
de abril. Com base nos depoimentos de ambos, a PF recomendou a oitiva de novas
testemunhas. Gleisi disse à PF que contatou diretamente alguns dos empreiteiros
para pedir doações para sua campanha. Procuradores investigam se a senadora
recebeu recursos desviados da estatal em forma de doação legal para sua
campanha.
Em depoimento prestado à PF em 14 de abril, Gleisi afirmou
ter entrado em contato diretamente com Marcelo Odebrecht, que teria autorizado
a doação da construtora à campanha da petista. A senadora disse ainda que fez
pedido de doações à UTC, por meio de Ricardo Pessoa, quando ele ainda ocupava o
cargo de diretor-presidente da empresa. Pessoa, que é dono da UTC, deixou o
comando da empresa depois de ter sido preso preventivamente na Operação Lava
Jato. Ele e outros oito empreiteiros foram beneficiados, na semana passada, por
uma decisão de Teori Zavascki, que relaxou a prisão preventiva e a transformou
em medidas cautelares, como uso de tornozeleira e reclusão domiciliar.
A senadora disse ainda que recebeu recursos da Camargo
Corrêa, por meio de solicitação a João Auler, diretor da empresa. Outro
empreiteiro citado é Leo Pinheiro, diretor-presidente da OAS. A petista
explicou que, depois de ter feito contato direto com os doadores, o tesoureiro da
campanha, Ronaldo Baltazar, [entrava em cena]. Segundo ela, Baltazar era
responsável por operacionalizar e enviar o dinheiro.
Além do presidente da Odebrecht, o STF autorizou o pedido
para que sejam ouvidos também Ronaldo Balthazar, tesoureiro da campanha de
Gleisi; José Agusto Zaniratti (coordenador da campanha); Ricardo Pessoa (dono
da UTC); João Auler (presidente do Conselho da Camargo Correa); e José
Aldemário Pinheiro, conhecido como Leo Pinheiro, da OAS. O [mensageiro] do
doleiro Alberto Youssef, Rafael Angulo, também será ouvido. Como revelou o
Estadão, a delação premiada de Angulo está no gabinete do ministro Teori
Zavascki, aguardando homologação.
[Esses dados serão úteis em diligência futura visando buscar
os extratos de comunicações telefônicas do período de julho a setembro de 2010],
escreveu Janot, pedindo ainda que sejam identificados todos os telefones
utilizados por Alberto Youssef. Junto das diligências, o ministro aceitou
também o pedido da Procuradoria para prorrogar as investigações por mais 60
dias. (AE)
FOTOS: ESTADÃO CONTEÚDO