Banco Central corta taxa básica de juros em 0,5 ponto pela 3ª vez; Selic cai a 12,25% ao ano

O Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central
seguiu o plano de voo e reduziu pela terceira vez seguida a taxa Selic em 0,50
ponto porcentual, de 12,75% para 12,25% ao ano, em decisão unânime.

Conforme a sinalização dada no encontro anterior, em
setembro, a queda da Selic nesse ritmo já era amplamente esperada. Conforme
pesquisa do Projeções Broadcast, todas as 57 instituições financeiras
consultadas acreditavam que o Copom iria decidir por mais um corte de 0,50
ponto, para 12,25%.

Juro real

Mesmo com a nova baixa na Selic, o País retornou ao topo do
ranking mundial dos juros reais (descontada a inflação à frente). Segundo
levantamento do site MoneyYou com 40 economias, o Brasil passa a ter uma taxa
de juros real de 6,90%, voltando a ultrapassar o México (6,89%).

Em terceiro, aparece a Colômbia (5,48%). A média das 40
economias pesquisadas é de 1,39%. Nas contas do BC, o juro neutro, que não
estimula nem contrai a economia e, consequentemente, não acelera nem alivia a
inflação brasileira, é de 4,5%.

Manifestação

Mais cedo, Campos Neto e os demais diretores da instituição
aproveitaram o intervalo da reunião do Copom para posar para fotos em apoio às
reivindicações dos funcionários do órgão, que entraram na terceira fase da
operação-padrão nesta quarta-feira.

Os nove membros do Copom tiraram fotos na manifestação
organizada pelos servidores em frente ao edifício-sede do BC, mas não fizeram
discursos.

Os funcionários pedem a reestruturação da carreira do BC,
com a criação de um bônus de produtividade semelhante ao implementado para a
Receita Federal no atual governo. Os servidores também pedem a exigência de
ensino superior para o cargo de Técnico do BC e a alteração de nomenclatura
para o cargo de Analista.

De acordo com o Sindicato Nacional dos Funcionários do Banco
Central (Sinal), segue a possibilidade de os funcionários entrarem em greve
ainda em novembro. O Ministério da Gestão e Inovação em Serviços Públicos ainda
não apresentou nenhuma contraproposta do governo para as reivindicações da
categoria.

A operação-padrão dos servidores já vem afetando a
divulgação de indicadores econômicos do BC. A publicação dos dados mensais do
setor externo e das estatísticas monetárias e de crédito, marcadas para a
semana passada, foram adiadas para a próxima semana, bem como a nota de
resultado primário do setor público consolidado. (Estadão).

Foto: Wilton Junior/Estadão