Lava Jato: quatro ex-deputados viram réus

O juiz federal Sérgio Moro determinou nesta segunda-feira
(18) a abertura de ação penal contra quatro ex-deputados federais investigados
na Operação Lava Jato. André Vargas (sem partido-PR), Luiz Argôlo (SD-BA) e
Pedro Corrêa (PP-PE) são acusados dos crimes de corrupção e lavagem de
dinheiro. Já Aline Corrêa (PP-SP), filha de Pedro, responderá por peculato (desvio
de bens públicos por servidor). Com a decisão de Moro, os ex-congressistas
passam à condição de réus em processo judicial.

Todos os quatro ex-parlamentares foram mencionados em
depoimentos de delação premiada do doleiro Alberto Youssef, um dos protagonistas
do esquema bilionário de corrupção na estatal. De acordo com a denúncia
apresentada pelo Ministério Público, André Vargas recebia verbas de contratos
de publicidade firmados com a Caixa Econômica Federal e o Ministério da Saúde e
as repassava para empresas que não prestavam os serviços contratados. Ainda
segundo as investigações, o montante desviado por Vargas totalizou a R$ 1,1
milhão.

Já Pedro Corrêa e seu assessor Ivan Vernon utilizavam
funcionários-fantasma para movimentar o dinheiro da corrupção. Segundo as
investigações, depois de Pedro Corrêa deixar o mandato na Câmara, em 2006, os
repasses de dinheiro passaram a ser feitos por meio de funcionários de Aline
Corrêa, que exerceu mandato naquela Casa até o ano passado.

Apontado como o parlamentar mais próximo a Alberto Youssef,
Luiz Argôlo visitava o doleiro com frequência para receber dinheiro, segundo a
denúncia. Argôlo chegava a usar sua cota parlamentar reservada às passagens
aéreas para encontrar Youssef fora de Brasília. Ainda segundo os autos do
processo, Argôlo e seus associados movimentaram irregularmente cerca de R$ 1,6
milhão.

A partir da formalização da ação penal, alguns procedimentos
processuais passam a ser cumpridos. Depoimentos de testemunhas de defesa e de
acusação serão realizados em junho, quando os réus podem apresentar suas
respectivas defesas. Na semana passada, no entanto, em depoimento à CPI da
Petrobras, em Curitiba (PR), os acusados recusaram dar respostas diretamente
relacionadas à Lava Jato.

Deputados até o ano passado, Argôlo disse não ter qualquer
ligação com os desvios de recursos na Petrobras, enquanto André Vargas negou
dar detalhes sobre sua relação com Youssef e os negócios do laboratório
Labogen, beneficiado com recursos do esquema por intermédio do ex-petista,
segundo a denúncia. Já Pedro Corrêa declarou nunca ter recebido propina de
Youssef. Aline Corrêa, por sua vez, também nega envolvimento com qualquer
esquema de corrupção e diz que provará inocência. (Congresso em Foco)

Fabio Rodrigues Pozzebom/Agência Brasil