Cresce entre os ministros palacianos, núcleo duro do
governo, a impressão de não demorar muito para o ministro Joaquim Levy pedir o
boné. Ou recebê-lo no final de mais uma reunião a que não comparecer. A
presidente Dilma não engoliu a ausência dele quando do anúncio dos cortes ao
orçamento. Seu lugar na mesa ficou vazio e não foi por acaso que permaneceu a
placa com o nome dele, diante de uma cadeira vazia. Muito menos Dilma aceitou
que na mesma hora Levy tivesse viajado para o Rio, deixando como desculpa um
resfriado. Na verdade, sua proposta era para cortar de 70 a 80 bilhões,
curvando-se aos 69,9 bilhões mas ficando agastado com todo mundo. No reverso da medalha, pegou mal junto aos
principais assessores da presidente terem sido as mais sacrificadas as verbas
para Educação, Saúde e o programa [Minha Casa, minha Vida].
A conclusão é uma evidente má vontade nas duas margens do
rio da amargura econômica: tanto o ministro quanto a presidente parecem mal
satisfeitos. Para complicar ainda mais a situação, vem o presidente da FIESP,
Paulo Skaf, afirmar que o empresariado
não aceita pagar um centavo a mais de
impostos, logo depois de nova
ameaça clara do dr. Levy: se o
Congresso não aprovar as medidas provisórias do ajuste fiscal, o aumento
será inevitável.
Assim começa a semana, conturbada também pela previsão de
que a Câmara rejeitará todas as propostas de vulto da reforma política,
limitando-se a apoiar perfumarias. Dilma mandou anunciar que estará em
Salvador entre os dias 11 e 13 do próximo mês, para o congresso nacional do
PT. Estaria cogitando de, ao lado do Lula, fazer uma espécie de exposição a
respeito das dificuldades atuais do governo e do país. Seria bom fiscalizar a
bagagem do alto comando dos companheiros para saber se não estão levando
algumas panelas. Aliás, foi um fracasso a reunião da sessão paulista do
partido, no fim de semana que passou. Sobraram lugares no auditório.
Para cada lado que Dilma se volte, encontra problemas. Não
terá gostado da performance do
senador Lindbergh Farias, cujos petardos
atingiram o governo, tanto quanto as medidas provisórias do ajuste fiscal,
especialmente pela versão de que o ex-presidente da UNE teria sido estimulado
pelo Lula. Os amantes da astrologia
sustentam que no período de um mês
anterior ao aniversário de cada
pessoa transcorre o seu
inferno zodiacal, onde tudo de
ruim pode acontecer. O aniversário de
Madame é em dezembro, mas, pelo jeito…
(Carlos Chagas-Diário do Poder)