Com um público expressivo que
lotou o plenarinho da Casa, a Assembleia Legislativa lançou, nesta quinta-feira
(30), o livro “Escritos sobre o 2 de Julho ? Memória e Política”, resultado de
ampla pesquisa sobre a Independência do Brasil na Bahia, pelos pesquisadores
Cláudio Oliveira, Daniel Duarte e Pierre Malbouisson. Coordenado pela gerente
do Departamento de Pesquisa, Arlete Neiva, e realizado por meio do programa
ALBA Cultural, o projeto faz parte das atividades da Casa de comemoração do
Bicentenário da Independência da Bahia.
Além dos escritores, da gerente
do Departamento de Pesquisas, participaram da cerimônia de lançamento o
vice-presidente da Assembleia, Zé Raimundo Fontes (PT), o cientista político e
ex-deputado estadual, Paulo Fábio, o diretor Parlamentar Geraldo Mascarenhas, e
o superintendente de Recursos Humanos da Casa, Francisco Raposo.
DEDICAÇÃO
A mesa foi coordenada por Arlete
Neiva que fez a apresentação da obra e ressaltou a dedicação e competência dos
servidores envolvidos, “especialmente dos escritores que se desafiaram nessa
pesquisa e na produção da obra em três meses”.
Ela agradeceu o apoio do
presidente Adolfo Menezes “pela oportunidade de trabalhar no projeto tão
importante para a ALBA e para a Bahia”, a Zé Raimundo, ao superintendente de
Assuntos Parlamentares, Marcelino Galo, ao diretor Parlamentar, Geraldo Mascarenhas, “de quem partiu a solicitação do livro e que os dirigiu em todo o processo” ao
superintendente de RH, Francisco Raposo; à coordenação do Memorial do
Legislativo, “e o apoio da equipe da Ascom, em nome do assessor de comunicação,
Paulo Bina”.
Em seguida, cada escritor falou
de sua participação no projeto, a exemplo de Daniel Duarte, autor do primeiro e
do último capítulos. Um sobre a Cidade da Bahia entre fins do século XVIII e a
década de 1982, e o outro que conta a trajetória de três personagens do
processo de independência, Joaquim Pires de Carvalho e Albuquerque, futuro
Visconde de Pirajá, Miguel Calmon du Pin e Almeida, o Marquês de Abrantes, e
Antônio Pereira Rebouças, futuro advogado de Estado e primeiro parlamentar
negro da Assembleia Legislativa da Bahia. “Afora sua participação no cenário
nacional, esses três integraram a primeira legislatura da Assembleia
Legislativa Provincial”, informou.
O capítulo de autoria de Pierre
Malbouisson expôs sobre os 200 anos da Batalha de Pirajá, datada de 8 de
novembro de 1822, fato histórico que representou um ponto de virada na guerra
de independência em prol das tropas baianas. “Pretendi demarcar a relevância
das lutas pela Independência ocorridas em nosso Estado, não enquanto um
processo coeso entre os grupos que dele participaram, mas enquanto uma luta que
comportou dentro de si inúmeras lutas, que refletiam a diversidade de
interesses por vezes conflitantes daqueles que estavam combatendo lado a lado
um inimigo comum”, explicou.
O capítulo escrito por Cláudio
Oliveira foi dividido em três partes. A primeira trata da formação da Marinha
brasileira, trazida pela família real, do recrutamento de voluntários e
conscritos, entre eles os escravizados e indígenas, e da diferença entre os
marinheiros portugueses membros da tropa.
A segunda explora a questão da
batalha naval na Baia de Todos os Santos, sobretudo a manutenção da Ilha de
Itaparica, invadida em 1822, fundamental para a derrota dos portugueses e a
terceira fala da heroína Maria Felipa de Oliveira, negra que sofreu apagamento
histórico, cuja história de resistência vem da tradição oral. O escritor
ressaltou o fato de Maria Felipa ter sido inscrita no livro de Heróis da
Pátria, alertou para o desserviço da homenagem, “porque essa mulher queria uma
transformação social no contexto da Independência, e é preciso ter cuidado para
transformar somente em símbolo, aquela que deveria ser, para nós, um exemplo de
transformação social, de desejo de mudar a sociedade”.
REFLEXÃO E DESAFIO
A obra em questão, de acordo como
o deputado e professor de História, Zé Ramundo Fontes, traz reflexão e desafio
acerca da necessidade de lembrar o passado e da memória coletiva. Segundo o
deputado, o 2 de julho talvez seja um dos poucos acontecimentos da história
brasileira que é ritualizado pelas massas populares. “O povo da Bahia se
apropriou desse acontecimento. A grande importância do passado é essa, uma vez
que nos remete a uma vida coletiva, com seus problemas, traços e desafios”.
Idealizador da publicação, o
diretor Parlamentar Geraldo Mascarenhas – que coordenou a produção de Bahia de
Todos os Fatos, também produzido pela ALBA Cultural -, agradeceu à equipe de
trabalho e ao apoio do presidente da Casa, elogiou os escritores, o
Departamento de Pesquisa, e o trabalho editorial da Assessoria de Comunicação
Social, coordenado pelo jornalista Paulo Bina, e a capa criada pelo designer
Bira Paim.
Manifestando alegria pelo sucesso
do projeto, o superintendente de RH, Francisco Raposo, parabenizou todos os
envolvidos na produção, sobretudo o Departamento de Pesquisa e os jovens
servidores autores, “que já despontam com grande potencial, e nós, enquanto integrantes
da administração da Casa, temos que ter um olhar diferenciado para essa turma
jovem que está chegando, que doravante irão conduzir a Casa com a
responsabilidade de fazer uma Assembleia melhor, mais participativa e mostrar a
nossa história. Que esta seja a primeira de muitas que vocês produzirão”,
comemorou. (Agencia Alba).
Foto: Carlos Amilton/Ascom/Alba