Caso Abin: relatório lista 1,8 mil pessoas monitoradas; PF pede fim do sigilo

Investigadores da Polícia Federal
solicitaram ao ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF),
que seja retirado o sigilo de um relatório completo sobre o esquema de
espionagem ilegal montado pela Agência Brasileira de Inteligência (Abin),
informaram fontes consultadas pelo Correio. De acordo com investigadores
ligados ao caso, o pedido está pendente de avaliação pelo magistrado.

O documento contém detalhes de
como funcionou o esquema de espionagem que funcionou entre 2019 e 2021 contra
críticos ao governo do ex-presidente Jair Bolsonaro. O relatório do Supremo
aponta como deputados, políticos, jornalistas e ministros da Corte tiveram seus
passos vigiados constantemente por meio do sistema First Mile.

Ao todo, de acordo com fontes
ligadas às investigações, 1,8 mil pessoas foram espionadas no esquema, que além
do software principal, contou com outros programas voltados para o acesso a
dados mais completos dos celulares das vítimas, como mensagens de texto e
tráfego de informações em redes sociais.

Ao longo de três anos, foram
realizados 66 mil acessos irregulares. Inicialmente, seriam 30 mil, mas com a
renovação do contrato para uso do software, foram realizados mais 30 mil. As
equipes da Abin paralela conseguiram, com uma das operadoras de celular, mais 6
mil acessos, em um bônus de 10% sobre o serviço total – após ser identificado
um problema na execução do programa.

Na avaliação dos integrantes da
investigação, em uma república democrática, esses nomes não podem ficar
ocultos, pois são importantes para entender o contexto da vigilância, objetivos
que motivaram a realização do monitoramento e para que a própria sociedade
possa cobrar medidas dos Poderes Executivo, Legislativo e Judiciário. Além da
PF, o Grupo Prerrogativas solicitou o fim do sigilo sobre os nomes. (Renato
Souza – Correio Brasiliense)

Foto: Carlos Moura/SCO/STF