Desemprego fica em 8 por cento no trimestre até abril, diz IBGE

A taxa de desemprego subiu nos últimos três meses até abril
deste ano e chegou a 8 , segundo dados divulgados nesta quarta-feira (3) pelo
Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). No mesmo trimestre de
2014, o índice foi de 7,1, no trimestre encerrado em janeiro deste ano, em
6,8, e nos primeiros três meses de 2015, em 7,9.

[Um número maior de pessoas procurou trabalho do que a gente
observou em períodos anteriores], afirmou o coordenador de Trabalho e
Rendimento do IBGE, Cimar Azeredo.

De acordo com o IBGE, é a maior taxa para o trimestre encerrado
em abril desde o início da pesquisa, que começou em janeiro de 2012. Naquele
ano, o índice de desemprego ficou em 7,8, se repetindo em 2013.

Na comparação com todos os trimestres, é o maior resultado
desde janeiro a março de 2013, quando a taxa também foi de 8.

Segundo Azeredo, no trimestre até abril de 2013 para 2014, a
população ocupada aumentou 1,9. Já no mesmo período de 2014 para 2015, cresceu
apenas 0,7 ? a menor geração de postos de trabalho da série.

Os números fazem parte da Pesquisa Nacional por Amostra de
Domicílios (Pnad) Contínua, que substitui a tradicional Pnad anual e a Pesquisa
Mensal de Emprego (PME). São investigados 3.464 municípios e aproximadamente
210 mil domicílios em um trimestre, informou o coordenador do IBGE.

Ocupação e desocupação

No trimestre encerrado em abril, havia 8 milhões de pessoas
desocupadas. A estimativa no trimestre de novembro a janeiro de 2015 era de 6,8
milhões, o que aponta alta de 18,7 (1,3 milhão de pessoas a mais). No
confronto com igual trimestre do ano passado, essa estimativa sobe 14 (985 mil
pessoas a mais).

Já o número de pessoas ocupadas foi estimado em 92,2
milhões. No confronto com o trimestre de novembro a janeiro deste ano, houve
redução de 511 mil pessoas (-0,6). Em relação ao mesmo trimestre do ano
passado, a estimativa sobe 0,7, (629 mil pessoas a mais).

[Em anos anteriores, ela [população ocupada] ficou estável.
Agora, ela apresenta um início de queda de 0,6. O que significa isso? A
geração de vagas, de postos de trabalho, de oportunidade de emprego reduziu e,
consequentemente, o número de pessoas buscando trabalho acabou aumentando], diz
Azeredo.

O nível da ocupação foi estimado em 56,3 no trimestre
terminado em abril ? declínio de 0,5 ponto percentual frente ao trimestre de
novembro a janeiro. Comportamento semelhante foi observado quando na comparação
com igual trimestre do ano anterior. Segundo o IBGE,  isso ocorre devido ao acréscimo da população
em idade de trabalhar (1,7) ter sido superior ao da população ocupada (0,7).

[A população ocupada subiu 0,7, e a população em idade de
trabalhar subiu 1,7, ou seja, entrou mais gente do que cresceu a população
ocupada, consequentemente, o nível da população vai aumentar e a fila da desocupação
vai aumentar também], prevê o coordenador.

Azeredo analisa que há uma perda de emprego e da qualidade
do emprego, o que pode levar a um aumento da informalidade.

[A desocupação aumenta baseada num movimento sazonal
[variação conforme a época do ano], só que ela vai além do sazonal, teve
intensidade maior. A população ocupada, que até então estava estável, deixou de
estar estável, apresentou queda. Ela, num período mais curto, caiu meio milhão.
O reflexo foi na população desocupada. Nesse início do ano com final do ano,
ficou aquela expectativa de quanto o mercado vai reter de população ocupada, e
ele não reteve nada, ele botou para fora], diz Cimar Azeredo.

Setores

No setor privado, houve redução de empregados em relação ao
trimestre de novembro a janeiro de 2015 de 1,1 entre os que têm carteira de
trabalho e de 3,6 entre os sem carteira assinada. Mesma situação ocorre em
relação ao trimestre de fevereiro a abril de 2014 (com carteira, de -1,5, e
sem carteira, de -3,7). De acordo com o IBGE, em um ano, o contingente de empregados
no setor privado com carteira assinada perdeu 552 mil pessoas.

 [Você tem perda de
emprego tanto no emprego registrado quanto no não registrado. Aquelas pessoas
que são arrimo de família e precisam de emprego imediato para se sustentar
procuraram um caminho que foi o emprego por conta própria, a informalidade. E
parte dos que são sustentados por outras pessoas ou não são arrimo de família
pode ter a opção de ir para a fila da desocupação. Agora, que houve perda do
emprego, houve], afirma Azeredo.

Nos grupamentos por atividade, em relação ao trimestre de
novembro a janeiro de 2015, houve grande variação apenas no setor de construção
(-3,7). Frente ao trimestre de fevereiro a abril de 2014, houve redução no
contingente de trabalhadores na administração pública, defesa e seguridade
social (-9,5) e na construção (-7,6). Já nos setores de educação, saúde e
serviços sociais, e de serviços prestados às empresas, houve aumento na
ocupação de 7,2 e 6,7, respectivamente.

[A construção foi a única que apresentou queda significativa
do ano 2014 para 2015. Foi uma mudança de patamar importante. Na indústria você
tem queda, mas começa a apresentar processos de recuperação], analisou Cimar
Azeredo.

Rendimento

O rendimento médio real (todos os ganhos recebidos no mês)
de todos os trabalhadores ocupados foi estimado em R$ 1.855, estável frente ao
trimestre de novembro a janeiro de 2015 (R$ 1.864) e em relação ao mesmo
trimestre do ano passado (R$ 1.862). (G.1)