A cúpula do PT vai
enumerar críticas à grande mídia e propor a criação de um sistema próprio de
meios de comunicação que inclui jornais impressos regionais e uma TV online
durante o 5.º Congresso da legenda, que começa nesta quinta-feira, 11, em
Salvador.
Mas a [Carta de Salvador],
elaborada pela ala majoritária do partido, não faz referência à criação de
mecanismos de controle da mídia, uma das bandeiras históricas petistas.
Enquanto o PT vive uma
crise de imagem sem precedentes por conta de escândalos de corrupção, o
documento avalia que o principal erro do partido nestes mais de 12 anos no
governo federal foi não ter priorizado a reforma política e a democratização da
mídia desde o início.
[Em contraposição a
outras nações latino-americanas sob governos progressistas, o PT e suas
administrações deixaram de alterar instituições e instrumentos de poder da
velha oligarquia], diz o texto.
Nos últimos anos, o
governo da Venezuela, sob o comando de Hugo Chávez (morto em 2013), não renovou
a concessão da RCTV, principal emissora do país, e a Argentina da presidente
Cristina Kirchner adotou a polêmica Ley de Medios, que limitou licenças para
exploração de canais de TV e rádio do Grupo Clarín.
O texto não faz menção
aos escândalos protagonizados por petistas, mas propõe realizar uma grande
campanha de comunicação para mostrar as iniciativas do governo no [amplo
combate à corrupção].
De acordo com o
documento, durante o período de bonança econômica do governo Luiz Inácio Lula
da Silva, não foram os partidos de oposição, mas os grupos de comunicação que
assumiram [o protagonismo na disputa político-ideológica] contra o PT. Agora,
afirma, é necessário romper o [cerco ao Estado da oligarquia] e o
[monopólio da informação].
Jornal do PT
Para tanto, o PT propõe
um ambicioso projeto de criação de uma rede própria de mídia que inclui a
criação de jornais impressos de distribuição gratuita em todos os Estados e a
TV PT, que deveria estar no ar, via internet, desde 1o de maio, mas até hoje não
saiu do papel por falta de dinheiro.
Além disso, o plano prevê
a conexão em rede, via internet, de todos diretórios estaduais e de cidades com
mais de 100 mil eleitores, ocupação das redes sociais e prioridade, nos
programas regionais de rádio e TV, hoje ocupados por candidatos e lideranças
locais, à defesa do [legado petista].
O texto destaca ainda a
importância de reatar a relação do partido com os setores artístico e
intelectual. [Reconstituir as pontes entre o PT e o mundo da cultura por nós
deveras negligenciadas reverte-se de uma importância jamais vista], diz o
documento petista. (AE)
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