Marielle: assassinato pode estar ligado a expansão territorial da milícia

Os investigadores da Polícia
Federal prenderam três suspeitos de serem os mandantes da morte da vereadora
Marielle Franco (PSol-RJ) e de seu motorista, Anderson Gomes, em março de 2018.
A motivação, segundo os investigadores, pode estar atrelado ao embate da
ex-parlamentar com a milícia coordenada pelo clã Brazão.

Foram presos, todos no Rio de
Janeiro, o conselheiro do Tribunal de Contas do Estado do Rio de Janeiro
(TCE-RJ) Domingos Brazão, o deputado federal Chiquinho Brazão (União Brasil-RJ)
e Rivaldo Barbosa, ex-chefe de Polícia Civil do Rio. Os três suspeitos serão
interrogados ainda neste domingo (24/3), na superintendência da PF, no Rio de
Janeiro.

O clã Brazão coordena
Jacarepaguá, zona oeste carioca, região dominada por grupos paramilitares.
Domingos Frazão já chegou a ser citado na CPI das Milícias, em 2008.

A PF trabalha com outras teses,
mas a expansão territorial e questões fundiárias são as informações que mais
ganham força. Os investigadores conseguiram chegar nos três nomes após a
homologação da delação do ex-policial militar e assassino confesso da ex-vereadora,
Ronnie Lessa, além de provas coletadas pelos investigadores antes de Ronnie
topar falar.

Delação

A delação foi homologada na
terça-feira (19/3), no Supremo Tribunal Federal (STF), por um juiz instrutor do
gabinete do ministro Alexandre de Moraes – relator do caso. O Correio apurou,
junto a investigadores da Polícia Federal, que Lessa revelou que os irmãos
Brazão o contrataram para executar o assassinato.

O conselheiro do Tribunal de
Contas do Rio de Janeiro (TCE-RJ) Domingos Inácio Brazão, irmão de Chiquinho,
também já teve o nome citado como mandante do assassinato da vereadora, segundo
o site The Intercept Brasil.

Em outubro do ano passado, o
ex-policial militar Élcio Queiroz – o primeiro acusado a assumir a
coparticipação no assassinato – citou Brazão em delação, o que fez com que o
caso fosse remetido ao STJ e, posteriormente, ao STF.

O caso tramita em segredo de
Justiça. Em janeiro, em entrevista a rádio CBN, o diretor-geral da PF, Andrei
Rodrigues, informou que o caso envolvendo a morte da vereadora e do motorista
terá desfecho ainda no primeiro semestre deste ano.

“Esse é um desafio que a PF
assumiu no ano passado. Estamos há menos de um ano à frente dessa investigação,
de um crime que aconteceu há cinco anos, mas com a convicção de que ainda nesse
primeiro trimestre a Polícia Federal dará uma resposta final do Caso Marielle”,
disse. (Pablo Giovanni – Correio Brasiliense).

Foto: Renan Olaz/Câmara Municipal
do Rio