A Assembleia Legislativa
realizou, nesta quinta-feira (11), sessão especial para celebrar a Campanha da
Fraternidade 2024 lançada pela Confederação Nacional dos Bispos do Brasil
(CNBB). O tema deste ano é “Fraternidade e Amizade Social”, com o lema: “Vós
sois todos irmãos e irmãs.” O evento foi proposto pelo deputado Alex da Piatã
(PSD), que abriu os trabalhos, chamando os componentes da mesa de honra, e
lendo um comunicado do cardeal de Salvador, dom Sérgio da Rocha. Ele lamentou
não poder comparecer por estar fora da Bahia. O religioso aproveitou para
felicitar o Legislativo e o deputado pela iniciativa.
Alex da Piatã ocupou a tribuna
para falar sobre a importância da campanha para toda a sociedade. “O tema e o
lema deste ano têm muito a ver com os nossos dias atuais”, avaliou, dizendo que “a campanha nos chama num momento muito crucial em que o nosso mundo vive”. O
parlamentar afirmou que determinados extremismos têm destruído relacionamentos
e dividido famílias. Citando a experiência pessoal, testemunhou que ele e a
esposa Genivalda convivem com muito amor, com muita fraternidade, com os
familiares, mesmo tendo vindo de realidades diferentes.
Falando sobre a oportunidade do
tema, o parlamentar chamou de odiosa a polarização extremista da sociedade. “Alguns têm usado um discurso conservador, moralista, totalmente falso, porque
não tem nenhum sentido a gente pregar religião e questões morais com ódio”. Ele
considerou que o desafio é aprender a conviver com amor aos diferentes e esse é
o propósito da mensagem do Papa Francisco sobre o tema. Alex considerou que a
Assembleia é um bom exemplo ao reunir pessoas de opiniões e concepções tão
diferentes, mas que vivem em harmonia.
“Vós sois todos irmãos e irmãs/ É
palavra de Cristo Senhor, pois a fraternidade humana deve ser conversão e
valor”. Esta mensagem contida no hino da campanha foi entoada por Claiton
Borges, acompanhado de Maicon Santana ao violão. O superintendente José Maria
Dutra, da Suprev, foi convidado a promover uma palestra sobre amizade social.
O superintendente destacou a
beleza da fraternidade. “A gente vive hoje num mundo em que nunca houve tanta
conexão, mas também é um momento em que nós nunca estivemos tão desconectados”,
disse, considerando que a beleza está em se conectar com a humanidade de outras
pessoas. Ele que alertou que um bom relacionamento proporciona mais saúde,
explicando o stress mantém altas cargas de cortisol e adrenalina e o que mais
nos estressa são os relacionamentos do dia. Neste sentido, ele disse que, mesmo
que não se perceba, o sofrimento alheio também nos afeta.
José Maria fez uma comparação
entre o conflito e o confronto, considerando que o primeiro é tão natural
quanto a chuva. “Quando a campanha da fraternidade trata de sociedade de
confrontos é porque a gente está perdendo a capacidade de cuidar dos conflitos”.
Ele apresentou alguns conceitos do que o Papa Francisco definiu como amizade
social, começando pela transcendência das barreiras espaciais; rejeição de
doutrinas impostas que levam ao confronto, além da liberdade como elemento
essencial, livre de desejo de dominação. O superintendente fez questão de
exibir um vídeo em que um condenado à prisão perpétua nos EUA disse que foi
criado com a ideia de que amor envolvia violência e sofrimento. Só no presídio,
ele conheceu uma outra possibilidade, quando Agnes, mãe e avó das duas pessoas
assassinadas por ele, lhe mostrou o que era realmente amor. ?Ela tinha todas as
razões para me odiar, mas me deu amor?, disse o apenado.
SOLIDARIEDADE
O ex-deputado Yulo Oiticica,
assessor especial da Secretaria de Relações Institucionais, lembrou que a CNBB
completa 60 anos de realização de campanhas da fraternidade, tendo iniciado
durante a ditadura. “Indiferença nunca foi uma posição dos bispos do Brasil”,
afirmou. Diante dos riscos, apenas 70 dioceses aderiram de pronto à campanha
das 180 existentes. Na ocasião, dom Hélder Câmara era ameaçado e perseguido
pelo regime e foi o próprio Paulo VI que mandou o recado de que se mexessem com
o cardeal pernambucano mexeriam com o papa. Yulo disse que a Assembleia pode
tomar uma medida concreta aprovando projeto de Alex da Piatã, que permite o
acesso de religiosos nos aparatos de saúde para assistência espiritual dos
internos.
O coordenador da Pastoral da
Saúde, padre Jorge, falou com a veemência de quem está na linha de frente junto
àqueles para os quais não chega nem mesmo o discurso de fraternidade. Ele disse
que a população de rua clama por água e lamentou que a prefeitura tenha
retirado os bebedouros instalados pela cidade tão logo tenha encerrado a
efeméride carnavalesca. O padre acusou a regulação de saúde do Estado de “eutanásia social”, peneirando quem deve viver ou morrer.
“Talvez o problema de hoje seja
não nos considerarmos irmãos, muito menos quando nos pedem que prestemos contas
daquele jovem assassinado, do que morreu sem ser regulado ou daquele na
penitenciária sem os direitos básicos”, avaliou. O assessor da Serin, Ailton
Ferreira, ocupou a tribuna para trazer uma boa notícia ao padre Jorge. Após a
reunião entre eles, já está sendo providenciada a instalação de bebedouros em
diversas igrejas da cidade para atender à população de rua. Falaram ainda a
defensora pública Firmiane Venâncio; o vigário episcopal para cultura, educação
e comunicação, padre Manoel de Oliveira Filho; o coordenador da Campanha da
Fraternidade, padre Zé Carlos; e o vereador de Salvador Joceval Santana. Ao
final da sessão, Alex da Piatã pediu ao padre Manoel que conduzisse a Oração da
Campanha da Fraternidade 2024. (Agencia Alba).
Foto: Ascom/Agencia Alba