Há 25 anos julgando causas as
mais diversas no Supremo Tribunal Federal (STF), o ministro Marco Aurélio
concedeu entrevista ao jornal Correio Braziliense e falou sobre crise política
([muitíssimo séria], disse), experiência com a toga, Lava Jato, decepção com o
PT, PEC da Bengala. E de mandioca.
Instado a dizer se gostou da
comparação que a presidenta Dilma Rousseff fez entre os atuais delatores de
investigações e os presos da ditadura, que precisavam mentir sob tortura, o magistrado
lembrou de outro discurso da petista ? em 23 de junho, no discurso de abertura
dos Jogos Mundiais dos Povos Indígenas, quando ela fez uma saudação à mandioca
como alimento ancestral. Marco Aurélio disse que tem o tubérculo plantado em
casa e que convidaria Dilma, que estaria [abandonada].
[Prefiro a ênfase que ela deu à
mandioca. Sabe que eu gosto muito de uma mandioca? Tenho plantada em casa. E é
maravilhosa, é muda da Embrapa. É uma mandioca muito boa. A Dilma nunca comeu
mandioca aqui em casa], disse o ministro. [O senhor a convidaria?], quiseram
saber as interlocutoras Ana Dubeaux, Ana Maria Campos e Denise Rothenburg, que
assinam a entrevista.
[Convidaria. Eu não queria estar
na pele da presidente. Isolada do jeito que ela está e envolvida pelo sistema.
Eu a tenho como uma pessoa honesta], acrescentou Marco Aurélio.
O ministro diz acreditar que, na
solidão presidencial, Dilma foi abandonada pelo próprio partido, e agora tem de
lidar com as afrontas dos presidentes do Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL), e
da Câmara, Eduardo Cunha (PMDB-RJ), hoje em dia adversários declarados do PT. [Ouvi
outro dia um político muito experiente [Cunha] falar em algo que não é da nossa
cultura: parlamentarismo. E o primeiro ministro seria, já com um poder maior do
que tem agora, o vice-presidente Michel Temer. Agora, três anos e cinco meses
com o governo precisando adotar medidas antipáticas. Não sei qual é a solução],
observou o ministro.
Quando as jornalistas comentaram
sobre a [grande pergunta] do mensalão, se o ex-presidente Lula sabia de tudo, e
estenderam a questão a Dilma e seu nível de conhecimento sobre o petrolão, Marco
Aurélio foi diplomático. [Não posso subestimar a inteligência alheia. Não posso
conceber que uma pessoa que chegue a um cargo como o de presidente da República
permaneça alheia ao que está ocorrendo], sentenciou o magistrado, com a
ressalva de que não diz que Dilma é desonesta ou [tenha tido vantagem pessoal]
nos desvios de corrupção na Petrobras.
[Congresso em Foco]
Agência Brasil